Não efetivem Ricardo Drubscky

Quatro vitórias consecutivas, jogando um bom futebol no Derby Paranaense e contra o então líder Criciúma. O primeiro turno acabou bem para o Atlético, colado no G4 e de volta a Curitiba, para jogar no Eco-Estádio para 9.999 torcedores. Quem te viu, quem te vê.

O Atlético esteve desacreditado nessa Série B. Tudo em função da demora da direção em reconhecer que o time vice-campeão estadual era limitado. Da primeira rodada (4-1 no Joinville) até a vitória por 2-1 sobre o Paraná, só dois jogadores, Manoel e Deivid, se mantiveram titulares. Jogando pra 3 a 4 mil pessoas em Paranaguá, num gramado ruim e depois de trocar Carrasco por Drubscky e logo em seguida (uma cilada) por Jorginho, pra então voltar à Drubscky, o Furacão assinava um contrato de mais um ano com a Segundona.

Pois jogadores chegaram, o clube conseguiu um jeito de voltar a jogar em casa e finalmente vai dando pinta como o favorito que era para o acesso. Por isso, lanço a campanha: Petraglia, não efetive Ricardo Drubscky no cargo.

O Rubro-Negro só cresceu na B fazendo tudo ao contrário. Qualquer cartilha de gestão esportiva pegaria fogo ao ver as decisões do departamento de futebol atleticano em 2012. E foi depois do “foi-num-foi-acabou-ficando” de Drubscky, junto com a chegada de vários reforços no meio da competição, que o time começou a jogar.

Drubscky ainda não convenceu a todos (nem a mim) e talvez nunca o fará. Tem um jeito humilde, simples, fala mansa. Foi aliás a humildade que o manteve no clube. Disse, há poucos dias, que sabia que o mercado dele não é tão vasto e preferiu ficar no clube. Pediu uma chance de mostrar seu trabalho. Está ganhando. E está bem.

O time começou a ter jogadas. Trabalha bem a passagem dos laterais a partir do avanço dos meias (em especial Elias), ganhou um centroavante de área, tem Deivid como um cão de guarda da defesa e estabilizou as presenças de Cléberson e Manoel, que voltou a jogar bem. Drubscky é low profile, mas não é covarde. Mexe no time buscando posse de bola e vitória. A soma de fatores dá a ele – e ao Atlético – a chance que parecia perdida, de subir ainda esse ano.

Por isso, num ano de contradições e reviravoltas, nada mais justo do que pedir: não efetivem Drubscky. Deixem-o como interino até segunda ordem. Pra que mexer no que está quieto?

 

Abrindo o Jogo – Coluna no Jornal Metro Curitiba de 27/06/2012

O compromisso com o erro

Está tudo errado no futebol do Atlético em 2012 e a classificação na Série B do Brasileiro atesta isso. Por isso, apesar de cair na chacota popular, a troca de comando técnico – ainda não 100% confirmada – de Ricardo Drubscky, recém chegado (dois jogos) não deve ser vista como um erro; é uma correção de rota. Erro é insistir em um técnico inexperiente comandando um elenco falho. Drubscky, até o fechamento dessa coluna ainda no cargo, não tem o perfil necessário que o Furacão precisa para voltar à elite ainda nesse ano. Pode ser útil na base, no Sub-23, time que deverá jogar o Estadual 2013. Mas para a Série B o nome de Jorginho, campeão desta competição no ano passado com a Portuguesa, é sem dúvida o mais adequado ao momento. Atlético ou ninguém deve ter compromisso com o erro e ao se confirmar essa informação, isso deve ser mais valorizado do que a aposta errada. Mas vale lembrar que só a troca de treinador não resolve: reforços são exigidos para o objetivo.

A frase

“O melhor para o torcedor do Atlético é ver o time campeão e de volta a Serie A. O Atlético precisa ser forte e eu to pensando mais no Atlético”, disse Jorginho, dando a entender que comprou o projeto, em entrevista à Rádio CBN Curitiba ontem.

O símbolo

Dinheiro não é tudo, nem mesmo no mercado do futebol. Lúcio Flávio estreou bem e faz bem ao Paraná Clube – que já é melhor que o Atlético na Série B.

O fator casa

Faltam ainda 15 dias para o início da série decisiva da Copa do Brasil entre Coritiba e Palmeiras, mas desde já firmo posição. No campo, confronto equilibrado, com o Coxa vivendo um momento ligeiramente melhor. Fora dele, vantagem ampla paranaense. Não dá para negar que o Couto Pereira pesará na decisão, enquanto o Palmeiras mandará o jogo em um campo sem identificação, Barueri. Esse ano, o Coxa não deixa escapar.

Pobre mercado esportivo

Defende – justamente – fim da censura em alguns casos, mas aplica censura velada em outros; majora em 40% o valor da anuidade, sem realizar reciclagem de profissionais, ciclo de palestras, integração com universidades e outros benefícios para a classe; tornou-se um pedágio inconstitucional para o trabalho, mesmo de quem está referendado por um veículo, tem 10 anos de exercício, formação acadêmica e está autorizado pelo dono do espetáculo; usa de truculência nas ações; libera associação mediante pagamento, se pretendendo reguladora profissional, botando os clubes em maus lençóis; serve como trampolim político. Qual o futuro de quem leva a notícia ao público esportivo com esse cenário em determinada associação? Que interesses são defendidos por quem escreve a notícia que você lê/ouve? Olho aberto, leitor.

Abrindo o Jogo – Coluna no Jornal Metro Curitiba de 13/06/2012

Mais que um jogo

Estive no interior do Paraná durante o feriado. A predileção dos nortistas pelo futebol paulista não é novidade. O Paraná, futebolisticamente falando, começa em Paranaguá e termina em Ponta Grossa. Por isso, São Paulo x Coritiba na noite de amanhã não é apenas mais um jogo: é uma daquelas chances que o futebol da terrinha tem de demonstrar que há competitividade suficiente para que os paranaenses comecem a adotar os times do Estado. Entre 2001 e 2006, envolvido em disputas nacionais, o Atlético rompeu um pouco essa barreira; agora é a vez do Coxa, pela segunda vez seguida em uma semifinal de Copa do Brasil. Vale muito.

Rafinha subiu no telhado?

E justamente pela importância da partida é que se estranha que Rafinha, principal estrela do elenco, foi liberado pelo departamento médico e pediu para não jogar. Pela cidade, corre o boato de que ele está de malas prontas para o futebol asiático, em negociação que envolve a LA Sports, parceira do clube. Não é impossível, mas não é o que o clube diz. Mesmo liberado, Rafinha pediu para não jogar porque jogou sem estar 100% nas finais do Paranaense e voltou a sentir. Então pediu para não atuar amanhã no Morumbi. De uma forma ou de outra, o Coritiba tem que aprender – e já tem tentado – a viver sem Rafinha.

Adiós, Carrasco

Ainda na tarde de segunda-feira, recebi a informação de que a diretoria atleticana iria demitir Juan Ramón Carrasco. Ela só se confirmou na manhã de ontem. Carrasco deixa o Atlético seis meses depois da queda para a segunda divisão nacional com um problema e tanto para o próximo treinador: elenco fraco. A troca de técnicos é a solução mais à mão para qualquer clube em mau momento. Nem sempre é a correta. O auxiliar de JR Carrasco, Omar Garate, afirmou entre outras coisas, que o atacante uruguaio Morro Garcia treina bem, mas não pode ser escalado. Contratação polêmica da antiga diretoria, Morro teve poucas chances – não aproveitou-as bem – e é jovem. Pode simbolizar uma das razões da saída do técnico: a de que a diretoria passou a influenciar diretamente nas escalações.

Sol e peneira

Carrasco começou o ano a mil, colocando o Atlético no 4-3-3 e contando com Harrison como revelação, junto com outros jovens que estavam bem, como Ricardinho e Bruno Furlan. Harrison sumiu do time sem muitas explicações. Uma das possíveis é que não quer trocar de procurador para renovar contrato. O elenco foi sentindo as competições e demonstrou ser fraco. Não foi reforçado à altura. Trocar o técnico é tapar o Sol com a peneira: sem trazer jogadores e dar liberdade ao novo treinador, o Atlético caminha para um 2012 ainda mais amargo.