Alex está a disposição no mercado após terminar abruptamente seu vínculo de oito anos com o Fenerbahçe, que lhe rendeu até uma estátua. Cruzeiro, por quem foi multicampeão em 2003, Palmeiras, do qual é o último grande ídolo (ao lado de Marcos) pela Libertadores de 1999 e até Santos e Grêmio já se assanham para repatriar o craque brasileiro.
Mas o destino de Alex só pode ser um: o Coritiba.
Alex é um ídolo do Coxa muito mais pelo que fez fora do clube do que pelo tempo – curto – que vestiu a camisa alviverde. Do vice-campeonato da Série B 1995 pouco se lembra. Alex ajudou o Coxa a voltar à elite nacional ao lado de Pachequinho e logo rumou ao Palestra Itália, sem levantar taças pelo Coritiba. Por sempre se declarar coxa-branca, sem querer fazer média com palmeirenses e cruzeirenses, Alex foi caindo nas graças da torcida coritibana, que via o filho do futsal da AABB Curitiba brilhar com as camisas de outros clubes.
Hipocrisia, aliás, nunca foi com Alex. Marcou gols no Coxa e comemorou; nem por isso deixou de ir ao Couto Pereira em qualquer folga que podia. De longe, enquanto colecionava taças pelo Fener, escrevia sobre o Coxa e até renegava qualquer hipótese de defender o rival Atlético, gozando amigos em Atletibas quando o seu time ganhava, ouvindo sarro desportivamente quando perdia.
Foram oito anos de Turquia e certamente um bom dinheiro acumulado. Mérito de Alex, que não precisa dar satisfação de quanto ganhou à ninguém (bem, talvez à esposa…), mas que certamente o dará uma aposentadoria tranquila. Presume-se que Alex não precisa mais trabalhar. Como não faz o perfil “boleiro burro”, Alex não torra seu patrimônio em noitadas e carros última geração. É discreto na vida pessoal. E convém lembrar que casou cedo, com esposa de família estruturada.
O sonho de todo menino é jogar no clube de coração. Com a vida feita, Alex poderá optar por encerrar a carreira em qualquer um dos clubes em que fez história. Todos o querem. Não é o dinheiro, creio, que o fará balançar.
Além disso, Alex não precisa procurar muito para ver exemplos de como sua escolha mudará sua vida. Paulo Rink, seu contemporâneo, voltou ao Atlético do coração para encerrar a carreira e toca a vida em Curitiba. Ronaldinho, com quem disputou vaga na Seleção por muito tempo, preferiu outro caminho. Formado no Grêmio, o craque que brilhou no Barcelona e se projetou como melhor do Mundo, faturando alguns milhões, acabou renegando a casa. Ronaldinho, sei por fonte segura, queria o Grêmio. Mas se deixou levar pela pressão do irmão-empresário e do Milan, que via no Flamengo uma chance maior de faturar. Deu no que deu e o ex-ídolo gremista mal pode pisar em Porto Alegre, sua terra natal.
Sim, o Coritiba não tem a projeção de Palmeiras e Cruzeiro. O Palmeiras, em especial, é um clube nacional, enquanto os outros dois, em escalas diferentes, são regionais. Mas de que importa isso para Alex? Projeção não é o que interessará um atleta consagrado; dinheiro, ao que parece, também não. O que pesará?
Certamente a chance de ser campeão. Alex, como todo atleta, é competitivo. Com uma estátua na frente do estádio do Fenerbahçe, poderia ter simplesmente ido treinar em separado, esperado a relação com o técnico Aykut Kocaman melhorar e, quem sabe, voltar ao time. Não aceitou. Sabia que estava sendo preterido porque podia superar os recordes do treinador – que, permito-me dizer, não deve ter vida longa no cargo, já que mistura interesse pessoal com desempenho.
Alex pode querer ser campeão paranaense pelo Coxa, por exemplo. Mas talvez nada o atraia mais que uma Libertadores. Difícil presumir. Fato é que ele declarou que não pretende jogar a Série B. Portanto é pre-requisito, para qualquer clube que o queira, estar na elite. Coritiba e Palmeiras vão brigar até o fim do campeonato pela vaga – e pra ter o atleta em 2013, quando poderá ser registrado.
Superada essa fase, com as opções na mesa, não vejo outro destino para Alex que não seja o Coritiba, que me desculpem palmeirenses e cruzeirenses.