Os nomes de times mais esquisitos da Liga Europa

Lyon e Tottenham se enfrentam na Liga 2012/13: nada é o que parece

A fase de grupos da Liga Europa vai começar! E o Terra irá transmitir todos os jogos até a decisão, a partir desta quinta-feira. Portanto, é hora de conhecer os clubes que formam essa charmosa competição, que abriga grandes clubes ao mesmo tempo em que dá espaço para equipes de menor porte. Na edição 2012/13, o Chelsea bateu o Benfica na final e comemorou o título. Nesta temporada, enquanto aguardam os clubes que saem da Liga dos Campeões para a disputa da outra competição continental européia, será possível se divertir e se surpreender com alguns clubes de toda a Europa. 

Apresento então alguns nomes que você nunca imaginou que seriam de times de futebol.

Olympique Lyonnais

Nada demais: são apenas os olímpicos lioninos, gentílico de quem nasce em Lyon, na França. Na verdade, o que chama mais a atenção aqui é o fato de quem pouca gente chama o clube pelo nome correto, optando mais pelo nome da cidade, Lyon. Seria o mesmo que chamar o Atlético Mineiro apenas de “Minas” ou “Atlético Minas”.

Tottenham Hotspur

Os Esporas Quentes da Fazenda do velho Tota é um clube voltado para a literatura – pelo menos é o que conta a etimologia. Fundado em 1882 originalmente Hotspur (Espora Quente) FC, em virtude do personagem de Shakespeare Harry Hotspur, incorporou o nome do bairro Tottenham para diferenciar-se de outro Spurs. O bairro, por sua vez, ganhou o nome por constar no Doomsday Book do Rei Guilherme I – uma espécie de censo britânico de 1000 D.C. – como uma região rural cujo dono chamava-se Tota.

Bordeaux

Ou, para os patrícios portugueses, Bordéus, o que nos induz a uma pequena confusão com “bordel” ou, no popular, zona, prostíbulo. Na verdade, a cidade de Bordeaux tem origem numa fundição de ferro, Bordigala em aquitano, lingua do século III A.C. O clube, a exemplo do Lyon, tem outro nome – usado até no site oficial: Girondins (Girrondã), que seria algo como “ginastas”. Assim, o Bordeaux é, na verdade, o Clube dos Ginastas da Fundição de Ferro. Graça e força em um nome só.

Swansea City 

Esse é fácil e o escudinho ajuda: Associados da Cidade do Cisne do Mar Futebol Clube. Swansea é uma cidade portuária no País de Gales, no Reino Unido. Disputa a Liga Inglesa assim como outros 5 clubes galeses, uma vez que a Liga do País de Gales só foi fundada em 1992. As ligas são integradas somente na FA Cup, a Copa da Football Association, a CBF do Reino Unido. Gales tem sua própria seleção de futebol, mas se une ao Reino Unido nas Olimpíadas.

PAOK

Clube Atlético dos Cidadãos de Tesalonica retirados de Constantinopla. Isso é o PAOK, que faz menção à expulsão dos gregos residentes na hoje chamada Istambul, na Turquia, já no século 20, quando da queda definitiva do Império Bizantino. A expulsão dos gregos aconteceu em 1920 e o clube foi fundado em Tesalonica, 2a maior cidade grega, em 1926, apenas seis anos depois.

Dnipro Dnipropetrovsk

O rio Dnieper ou Dnipro

Dnipro, ou Dniepre, é um rio que cruza a Rússia, a Bielorussia e a Ucrânia, país sede do clube e da fábrica de metalurgia Petrovsky, cujos operários formaram em 1918 um time de futebol. Petrovsk faz menção a Piotr ou Pedro, em russo e ucrâniano. Logo, o FC Dnipro é na verdade o Clube de Futebol dos Operários da Metalurgica Pedro do Rio Diniepre.

Trabzonspor

Mais um fácil de desvendar: “Spor” é Esporte e Trabzon, o nome da cidade. Completando com o Kulubu, temos o Trabzon Esporte Clube. Foi território grego e pertencente ao Império de Trebizonda.

Maccabi Haifa / Maccabi Tel-Aviv

Maccabi, em Hebraico, quer dizer coragem ou vitória. Haifa e Tel-Aviv são cidades de Israel. Logo, temos aqui os xarás do baiano Vitória. Ambos são FC, ao contrário do EC do brasileiro.

Sheriff Tiraspol

Outro caso em que o nome da cidade ganha mais evidência que o do clube. Tal qual o América Mineiro – que é na verdade América Futebol Clube – o Sheriff se chama FC Sheriff. Fundado em 1997, seu nome faz referência ao primeiro patrocinador, uma companhia de segurança da Moldávia, país que compunha a antiga URSS.

Chornomorets Odessa

Odessa é o nome da cidade ucraniana que abriga o clube, próxima de um lago que secou e abrigou por muitos anos um grande vale. Nele, atletas amadores jogavam futebol e ficaram conhecidos como os “Homens do Mar Negro” – ou Chornomorets, em ucraniano. Logo, temos aqui o FC Homens do Mar Negro de Odessa.

Ludogorets Razgrad

Sediado em Razgrad, na Bulgária, o Ludogorets Clube de Futebol Profissional faz menção à região de Ludogorie, conhecida por ser uma região de floresta selvagem. O nome, Ludogorets, significa Floresta Louca. Pela imagem, não dá pra discordar.

Shakhter Karagandy

O time do Cazaquistão ganhou notoriedade ao sacrificar um carneiro em oferenda à possibilidade de eliminar o Celtic na fase de play-offs da Liga dos Campeões. Não deu – pobre carneiro. O nome, assim como o quase xará de Donetsk, da Ucrânia (questão de sotaque) signifca Mineiro. Temos então o Futebol Clube Mineiros de Karagandy, cidade de 500 mil habitantes no país que também era parte da URSS.

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Mercado & Torcidas, parte III: o espaço a se conquistar e consolidar

Com dois dias de atraso em virtude de um problema pessoal, volto a atualizar o blog com a pesquisa divulgada pela Pluri Consultoria durante a semana, com a relação tamanho das torcidas do Brasil x potencial de consumo.

A parte três traz aquilo que é fundamental na renda de um clube e que chegou até a virar bordão em Curitiba: “torcida se mede no estádio”, ou, nesse caso, se mede na força de consumo. E aí os paranaenses dão bons sinais, mas ainda assim estão aquém do que podem conquistar e obter para maior competitividade. Onde se vê crise pelo domínio de outros times na terrinha, se vê oportunidade de crescimento com base no mercado a se conquistar e em um “gap” importante: a fidelidade do torcedor paranaense.

O Atlético é o 13o maior clube do Brasil em potencial de consumo de seus torcedores, atrás apenas dos 12 que estão no eixo RJ-SP-MG-RS. Coladinho no Furacão, em 14o, está o rival Coritiba. Isso analisando somente os números brutos, que estão nas tabelas abaixo:

Potencial de consumo máximo mensal em reais
Potencial de consumo per capta em reais

Considerando o número de paranaenses que não gostam de futebol (mercado a se conquistar) que é de 33% e o aspecto cultural a se reverter – aqueles que residem no Paraná, mas preferem os times de fora, 64,4% dos que torcem –  há uma perspectiva positiva em relação ao crescimento da dupla Atletiba para entrar no “G-10”, suplantando três clubes com potencial parecido mas já mais nacionalizados: Atlético-MG, Botafogo e Fluminense.

Essa leitura permitirá a dupla se consolidar entre os gigantes do País, algo que ainda não é visto com frequência na mídia nacional, mesmo com títulos de Série A conquistados. Mas, mais do que isso, a conquista do mercado interno trará aumento de renda proporcionalmente maior que a de gigantes como Flamengo e Vasco que, de acordo com o estudo, estão no limiar de seu potencial de arrecadação. Explica-se lendo as partes anteriores da pesquisa, logo abaixo aqui no blog: o gargalo dos dois cariocas citados (e outros grandes nacionais) está no fato de a maioria de seus torcedores residirem longe das sedes de seus clubes, o que os impede de frequentar os estádios, diminui o interesse em associação e faz com o que o torcedor seja menos propenso a consumir produtos oficiais.

Além disso, Atlético e Coritiba tem que trabalhar (e comemorar) a fidelidade de suas torcidas, ajudadas pela boa média de renda per capita do Estado do Paraná, que permite com que atleticanos e coxas-brancas consumam mais seus clubes, ajudando na arrecadação. Não a toa ambos estão entre os cinco maiores parques associativos do Brasil, superados pelo gigante São Paulo FC e os gaúchos Inter e Grêmio, que têm características de domínio regional ímpares no Brasil. Ao ampliar seu estádio, o Atlético dará um salto nessa área, já que hoje tem cerca de 17 mil sócios, mantidos mesmo com a impossibilidade de mandar jogos na Arena; já o Coritiba, que consideram um parque associativo de 19 mil adimplentes e mais 6 a 7 mil flutuantes (títulos em vigor com parcelas em atraso) já está próximo de seu gargalo em público no estádio; mas mais do que reformar o Couto Pereira, o Coxa já traça outra estratégia associativa: passou a trabalhar a inclusão, ao invés da exclusão.

Explico: o título associativo a R$ 9,90 não oferece os mesmos benefícios que os títulos acima dos R$ 60, para presença garantida no estádio, mas faz com que o torcedor apaixonado pelo Coxa faça parte da vida do clube, pagando menos. Ponto para o Coritiba, que antenou-se a isso antes.

E o Paraná Clube? Em primeiro lugar, os tricolores devem cuidar da manutenção do seu parque associativo, que está aquém do potencial em pelo menos 100%. O Paraná tem hoje cerca de 6 mil sócios-torcedores (não esquecer que o clube tem característica própria de ter um parque associativo social, para piscinas e outros), o que o deixa com cerca de 2% de sua massa total participando da vida do clube. O 27o. posto em potencial máximo de consumo para os paranistas está de acordo com o tamanho aferido na pesquisa – atrás de clubes como Avaí, Figueirense, Goiás, Náutico e Ceará.

O que está em desacordo com o potencial paranista é o aporte de sua própria gente no clube. Veja a tabela abaixo, que traz ótimas perspectivas ao Paraná, e principalmente, coloca o Coritiba como o 3o maior clube do Brasil em voluntariedade de gastos do seu torcedor:

Apesar do empate em números brutos, o Coxa está considerado abaixo dos catarinenses por ter uma torcida maior que a dupla de Floripa; ainda assim, tem ótimo Índice de Propensão ao Consumo, o que significa dizer que o coxa-branca é fiel e ajuda seu time; não menos orgulhosos devem ficar os atleticanos, 4o lugar no Brasil (muito também em função de ter uma torcida maior que os três acima, de acordo com o estudo) mas que mantém-se longe do gargalo de crescimento. O Paraná Clube também aparece positivamente nesse índice, mostrando que um trabalho sério pode trazer mais do que apenas 2% da massa torcedora para o quadro associativo: o Tricolor é o 8o, a frente de grandes torcidas nem tão participativas, como Atlético-MG, Fluminense e Santos.

Os clubes devem voltar seus olhos a dois pontos: atender a necessidade de seu torcedor, fidelizando-os cada vez mais, com benefícios promocionais aos sócios e boas instalações, para gerar renda e conseguir montar times competitivos. A máquina passará a girar sozinha, pois com melhores resultados em campo, maior a atração de público que, fidelizado, trará mais resultados, até que o looping se complete e aumente. Por outro lado, os paranaenses devem perder a timidez e atuar com um marketing agressivo em outras regiões do estado, buscando novos torcedores. Devem trabalhar melhor a relação com a mídia local, buscar campanhas em especial entre os jovens e tentar formar uma nova geração de torcedores.

A má notícia da primeira parcial da pesquisa é também a ótima notícia das parciais subsequentes: se hoje o Paraná não compra os times locais como deveria, o potencial de crescimento dos clubes locais está entre os maiores do País. Há muito a se fazer, mas há saída para o Trio de Ferro chegar ao topo do futebol nacional.