Por que o Cruzeiro 2013 não recebe a mesma badalação do time de 2003

Discreto, Marcelo Oliveira não é tão badalado em Rio e SP

Os números são tão impressionantes quanto há 10 anos. O aproveitamento é de 72,5% – até a rodada do título, 34a – contra 72,4% em 2003; o ataque não chegou aos 102 gols, mas tem média parecida: 2,11 por jogo, com 72 nos atuais 34 jogos, contra 2,21 nos 46 jogos de 2003. O Cruzeiro atual também tem a melhor média de público, como há 10 anos e conseguiu o título com 4 rodadas de antecedência, contra 3 rodadas em 2003. A torcida celeste não tem do que reclamar. A não ser um certo desdém da mídia em não badalar o time de Marcelo Oliveira como fazia com o de Vanderlei Luxemburgo.

E tem razão nisso.

O Cruzeiro de 2003 tinha apenas uma coisa que esse não tem: personagens consagrados no principal eixo econômico do País. Alex foi ídolo do Palmeiras, campeão da Libertadores; Deivid brilhou no Corinthians e no Santos antes da Raposa; Zinho foi ídolo do Flamengo, Aristizábal marcou época no São Paulo e Vanderlei Luxemburgo é o técnico mais midiático do Brasil em todos os tempos – além, por óbvio, de multicampeão. O Cruzeiro de 2003 tinha o carinho e o respeito do centro do País e isso pesa na hora de avaliar a equipe. Aquele campeonato ainda contava com o Santos de Robinho na cola, coisa que o atual não teve. Sobrou contra Atlético Paranaense, Grêmio, Goiás e Botafogo, seus perseguidores mais próximos. Todos, exceção ao Fogão, clubes de outros centros.

O time celeste de 2013 foi montado discretamente. Seus principais nomes, Dagoberto e Julio Baptista, não foram titulares o tempo todo. A exceção é Dedé, zagueiro que trocou o Vasco pela Toca e, apesar de ser campeão brasileiro, paradoxalmente perdeu a vaga na Seleção. Fábio passou pelo Rio, no Vasco* sem marcar época e os grandes destaques da campanha, como Everton Ribeiro e Nilton, Egídio e Ricardo Goulart, acabaram preteridos em seus clubes de origem (Corinthians, Flamengo e Internacional). Personagens como Leandro Guerreiro e Luan fecham o mosaico de “párias” chefiado por Marcelo Oliveira, um técnico discreto, avesso à badalação e calmo nas entrevistas. Oliveira que tinha até então como maior feito a chegada à duas finais de Copas do Brasil seguidas com o Coritiba.

Questiona-se a qualidade técnica do campeonato, como se fosse o mais fraco dos últimos tempos, na contramão do fato do campeonato contar com os campeões do Mundo (Corinthians) e da Libertadores (Atlético-MG). De ter trazido personagens como Seedorf, Pato, Alex, Juninho, Forlán e outros. De ser o primeiro campeonato das novas Arenas para a Copa.

Debate-se o regulamento, como se os pontos corridos não fossem emocionantes, o que acaba indiretamente depreciando a campanha celeste. Curiosamente, muitas vezes são as mesmas vozes que pedem organização e moralidade no futebol brasileiro. E o Cruzeiro, com sua estrutura fantástica, salários em dia e sem entrar em salários exorbitantes, levantou a taça. Seguido pelo Atlético Paranaense, que tem perfil parecido, por Botafogo e Goiás, que mantiveram técnicos e acreditaram em projetos e pela exceção à essa regra, o Grêmio, de alto investimento e trocas de técnicos.

A falta de badalação ao Cruzeiro 2013 de fato em nada diminui a festa celeste. Foi um título bem à mineira, discreto mas muito eficiente. Se não querem badalar a Raposa, não badalem; o Cruzeiro não carece.

*Obrigado aos atentos leitores que relembraram a passagem de Fábio pela Colina. Fabio foi revelado no União Bandeirante-PR.

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Por que o [coloque o nome do seu time aqui] vai ganhar a Copa do Brasil

Quem vai levar a Copa do Brasil 2013? O blog apresenta as razões pelas quais você deve confiar que será o seu time – ou se preocupar, se for torcedor rival. Comente abaixo!

O Flamengo vai ser o campeão da Copa do Brasil 2013 porque é time de chegada, cresce na reta final – que o diga o Botafogo – embalado pela torcida que tem os dois melhores públicos da competição. Venceu a Copa em duas ocasiões (1990 e 2006), derrotando o adversário da semi na primeira final. Vive um novo momento com Jayme de Almeida, que conhece bem o elenco, sendo um técnico “prata da casa”. E tem Hernane, o Brocador, artilheiro da competição com 6 gols em grande fase.

Pra chegar até aqui: 10jgs – 8v – 1e – 1d – 19gp – 6gc

1-0 Remo-PA (F)

3-0 Remo-PA (C)

2-1 Campinense-PB (F)

2-1 Campinense-PB (C)

2-0 ASA-AL (F)

2-1 ASA-AL (C)

1-2 Cruzeiro-MG (F)

1-0 Cruzeiro-MG (C)

1-1 Botafogo-RJ (N)

4-0 Botafogo-RJ (N)

 

No Brasileirão 2013 contra o Goiás em casa: jogo será realizado no dia 09/11, entre as duas partidas da Copa.

Na história da Copa contra o Goiás: 1 vitória e 1 empate

No Brasileirão 2013 contra o provável finalista:

2-2 Atlético (F)

2-4 Atlético (C)

0-1 Grêmio (C)

x Grêmio em 17/11 (F)

 

Na Copa contra o provável finalista:

Atlético: nunca enfrentou

Grêmio: 4v – 5e – 3d

O Goiás será o campeão da Copa do Brasil 2013 porque é o time que mais cresceu no Brasileirão, tendo vencido suas últimas 5 partidas na competição. Tem estutura e quer ganhar seu primeiro título nacional de primeira linha – tem duas Séries B, a última ano passado. Tem Walter, um dos melhores jogadores do País na temporada. É um dos seis times que ainda não trocou de técnico na Série A E já eliminou duas equipes cariocas na Copa, Fluminense e Vasco.

Pra chegar até aqui: 9jgs – 6v – 1e – 2d – 17gp – 9gc

3-1 Oratório-AP (F)

3-2 Santo André-SP (F)

1-0 Santo André-SP (C)

3-0 ABC-RN (C)

1-1 ABC-RN (F)

0-1 Fluminense-RJ (F)

2-0 Fluminense-RJ (C)

2-1 Vasco-RJ (C)

2-3 Vasco-RJ (F)

No Brasileirão contra o Flamengo em casa: 1-1 na 14a rodada.

No Serra Dourada contra o Flamengo em jogos oficiais: 5v – 10e – 4d

No Brasileirão 2013 contra o provável finalista:

0-2 Atlético (F)

3-0 Atlético (C)

2-0 Grêmio (C)

x Grêmio em 01/12 (F)

Na Copa contra o provável finalista:

Atlético: nunca enfrentou

Grêmio: nunca enfrentou

O Atlético vencerá a Copa do Brasil 2013 porque é o clube que mais se preparou para isso, tendo poupado o elenco principal do desgastante Estadual. Mesmo sem a Arena, joga no alçapão da Vila Capanema, estádio que permite a pressão da fanática torcida rubro-negra. Tem Ederson, o artilheiro do Brasileirão e o técnico Vagner Mancini, um dos treinadores* na disputa que já venceu a Copa do Brasil, em 2005, pelo Paulista de Jundiaí. Demonstra muita regularidade ao estar há 14 rodadas no G4 da Série A. E tem a oportunidade de ver o ídolo Paulo Baier levantar um título de expressão para o Furacão, antes de se aposentar.

Pra chegar até aqui: 9jgs – 5v – 3e – 1d – 15gp – 5gc

1-0 Brasil-RS (F)

2-0 Brasil-RS (C)

6-2 América-RN (F)

0-0 Paysandu-PA (F)

2-1 Paysandu-PA (C)

0-1 Palmeiras-SP (F)

3-0 Palmeiras-SP (C)

1-1 Inter-RS (F)

0-0 Inter-RS (C)

No Brasileirão contra o Grêmio em casa: 1-1 na 6a rodada

Como mandante contra o Grêmio (1959-2013): 7v – 10e – 6d

No Brasileirão 2013 contra o provável finalista:

2-2 Flamengo (C)

4-2 Flamengo (F)

2-0 Goiás (C)

0-3 Goiás (F)

 

Na Copa contra o provável finalista:

Flamengo: nunca enfrentou

Goiás: nunca enfrentou

O Grêmio vai ganhar a Copa do Brasil 2013 porque é o maior bicho-papão deste torneio: 4 títulos em 7 finais, com outras 3 semis. Conta no banco com Renato Portaluppi (Gaúcho, pra quem não é do RS), maior ídolo da sua história. Quer coroar o ano de estreia na Arena Grêmio com um título nacional e voltar à Libertadores para compensar a decepção com o time milionário de Luxemburgo neste ano. Se precisar de pênaltis, tem Dida, o paredão que classificou a equipe contra o Corinthians.

Pra chegar até aqui*: 4jgs – 1v – 2e – 1d – 2gp – 1gc

0-1 Santos-SP (F)

2-0 Santos-SP (C)

0-0 Corinthians-SP (F)

0-0 Corinthians-SP (C) – Pênaltis: 3-2

*entrou na fase de 8as de final por ter disputado a Libertadores

No Brasileirão contra o Atlético em casa: 1-0 na 25a rodada

Na Copa contra o Atlético: 1 vitória e 1 empate

No Brasileirão 2013 contra o provável finalista:

1-0 Flamengo (F)

x Flamengo em 17/11 (C)

0-2 Goiás (F)

x Goiás em 01/12 (C)

 

Na Copa contra o provável finalista:

Flamengo: eliminou-o em 89, 93 e 95 na semi, venceu-o na final de 97

Goiás: nunca enfrentou

*Renato ganhou a Copa pelo Fluminense em 2007, alerta e corrige um leitor.

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Libertadores para todos: quem está na fila?

Galo campeão da Libertadores: quem quiser que pegue a senha

A piadinha recorrente entre os rivais era de que o Governo acertou em cheio ao lançar o programa “Libertadores para todos”, uma gozação com a longa espera de Corinthians e Atlético Mineiro em conquistar o título que os rivais já tinham. Campeão, o Galo já pensa no Mundial e desafia os interessados a tentarem no ano que vem. Dos 16 maiores clubes do Brasil, 10 já têm a cobiçada glória. Quem, portanto, estraria no “LPT” fictício? 

O Fluminense abre a lista de espera. Vice-campeão em 2008, quando perdeu para a LDU do Equador, o Flu é o atual campeão brasileiro e tem feito boas campanhas nos últimos anos. Namora com a taça – tem seis participações e foi sétimo neste ano – mas começou mal o Brasileirão 2013 e terá de suar para chegar à Libertadores por essa via. Por outro lado, está na Copa do Brasil – outrora o caminho mais curto.

Outro vice-campeão continental que está na fila é o Atlético Paranaense. Depois de perder a final de 2005 para o São Paulo, não repetiu as boas atuações e até amargou uma Série B em 2011. Teve três participações no torneio continental – a última, no mesmo 2005 – e neste ano está mal no Brasileirão. O Furacão, a exemplo do Flu, também tem a Copa do Brasil como atalho para a glória.

Terceiro colocado no distante ano de 1963, o Botafogo é mais um dos grandes na lista de espera. Disputou a Libertadores em três ocasiões, sendo a última em 1996. Está na briga pelo Brasileirão 2013 e também está na Copa do Brasil.

Quinto colocado em 1989, o Bahia é outro que aguarda sua senha no painel. Participou três vezes da competição, sendo a última exatamente no ano de sua melhor campanha. No Brasileirão, está no meio da tabela, mas terá um atalho diferente para voltar à Libertadores: a Copa Sulamericana. Quem sabe um título continental seguido do outro?

O Coritiba é outro campeão brasileiro à espera da taça continental. Sétimo colocado em 1986, quando disputou a competição como campeão brasileiro, participou também em 2004 e não mais voltou. Briga na parte de cima da tabela no Brasileirão 2013 e pode tentar a volta também via Copa Sulamericana.

A lista dos grandes ainda sem Taça Libertadores se fecha com o Sport. Foi 11o colocado em 2009, quando disputou pela segunda e última vez a competição. Está na Série B nesta temporada, mas, curiosamente, pode disputar a Libertadores 2014: para tanto, precisa ganhar a Copa Sulamericana, competição na qual está por conta dos novos critérios da CBF.

  • Jejum e repeteco

Se quem ainda não ganhou a competição está sedento, a vontade dos que já faturaram em repetir não é menor. Dos 10 clubes brasileiros campeões da Libertadores, o maior jejum é o do Flamengo, campeão pela única vez em 1981. O Grêmio, bicampeão em 1995, já podia ter saído da fila, mas perdeu a decisão de 2007 para o Boca Jrs. Curiosamente, na sequência do jejum, está outro bicampeão que perdeu final recentemente: o Cruzeiro, que levou em 1997 mas perdeu para o Estudiantes em 2009.

Campeão em 1998, o Vasco aumenta a fila dos jejuantes, seguido do Palmeiras, que poderia ter levado o bi entre 1999 e 2000, mas perdeu a segunda final. Um pouco menos impacientes estão os torcedores do São Paulo, tricampeão em 2005. Assim como os do Internacional, que levou o bicampeonato na primeira das quatro finais seguidas com brasileiros em 2010. Depois de um longo jejum – desde a Era Pelé – o Santos também não tem muito do que reclamar, campeão em 2011. O Corinthians, por sua vez, ainda está em lua de mel com a torcida pelo belo ano de 2012. E o do Atlético-MG… esse então, acha tudo isso aqui uma grande festa!

  • Menções honrosas

Dois clubes brasileiros não se encaixam no perfil acima, mas merecem menção pelas ótimas participações em Libertadores. Vice-campeão em 2002, o São Caetano não conseguiu se fixar entre os clubes mais fortes do Brasil, mas fez belas campanhas no início dos anos 2000, incluindo dois vices no Brasileirão e três participações na competição continental. Hoje patina na Série B.

Outro que tem história para contar na Libertadores é o Guarani. O Bugre foi terceiro colocado em 1979 e também jogou por três vezes a Libertadores, sendo a última em 1988. Atualmente disputa a Série C do Brasileirão.

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Semente

Seedorf pode ser traduzido, livremente, como semeador. E ninguém no futebol brasileiro mereceu mais um título nos últimos anos que o meia holandês (nascido no Suriname, essa região sul-americana que ignoramos por completo) do Botafogo, campeão carioca por antecipação. Seedorf significa uma nova era no futebol brasileiro. Basta que os colegas dele assim queiram.

Leia também:

Futebol, o bem e o mal

Sem refresco para Mourinho

Repensando o futebol brasileiro

Meu primeiro contato (impessoal) com o galático alvinegro foi em Botafogo x Grêmio, ainda no Brasileirão 2012. Não sei quem, mas alguém fez um lançamento daqueles dos mais quadrados para o meia, em sua estreia. Daqueles que parecem a mais pura sacanagem, só para testarem o físico do colega – quem já jogou, sabe. Seedorf foi. Correu até o limite. Aos 36 anos (já tem 37), chegou na bola como muitos meninos do Brasileirão que se aproxima não chegarão. Ao olhar pra grande área, ninguém o acompanhou. Seedorf foi numa bola que outros desistiriam. Os colegas assim o fizeram.

Ele então prendeu a bola, esperou a aproximação do ataque. O lance deu em nada. O jogo terminaria 0-1 para o Grêmio e o Botafogo seguria seu turno de altos e baixos. Seedorf não. Passou a dar as cartas, opinando e criticando comportamentos, calendário, atitudes. Virou celebridade. Recolocou o Botafogo na mídia.

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Em 2013, Seedorf passou a liderar o time. Chega ao primeiro título no Brasil, já na reta final da carreira, com muito a ensinar. É atuante sem ser agressivo, é exemplo em campo num mundo que exige badalação. Vestiu a camisa do Botafogo como muitos não faziam há anos.

Seedorf planta um exemplo. Uma semente, como o próprio nome sugere, do que pode e deve ser o futebol brasileiro, dos atletas para o publico, dos clubes para a mídia: ético, correto, campeão.

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Todos atrás do Coxa – Guia do 2o turno do Paranaense

O Coritiba já cumpriu 50% da tarefa para conquistar o tetracampeonato estadual. Venceu o primeiro turno e, debates acalorados a parte, manteve-se invicto e garantiu-se na decisão com quatro pontos a mais que o Londrina, vice-líder. O Tubarão vai ter que deixar as queixas de lado a partir de agora: se não garantiu vaga na final, está perto de conquistar vaga na Série D e na Copa do Brasil. O Paraná foi até onde deu, brigando para ficar com o turno; os demais, foram figurantes.

Assim sendo, o que esperar do 2o turno? Haverá final?

O blog analisa o que foi, relembrando a análise anterior e o comparativo do que será daqui pra frente.

Coritiba

O Coxa confirmou o que foi afirmado na previsão do 1o turno:  “é, como há muito não se via, favorito disparado e aberto para a conquista.” O fez sem sustos, mas com cobranças. Com 8 vitórias e 3 empates, teve como trunfo a defesa – levou apenas 4 gols – e não o ataque que se desenhava poderoso, com Alex, Rafinha e Deivid. O grande momento foi o 7-0 no Rio Branco. Ainda assim, ficou atrás do Londrina neste quesito. O único, aliás, em que não é o melhor na competição.  “Passamos o primeiro turno ajustando a defesa, agora temos a obrigação de jogar mais”, reconheceu o técnico Marquinhos Santos, em entrevista à Rádio 98.

Repetir o 1o turno pode ser pouco pelas expectativas criadas, mas é o suficiente para ficar com a taça. Abre o 2o turno como favorito a antecipar a conquista sem a necessidade de final – terá 8 dos 11 jogos em Curitiba para confirmar isso.

Paraná Clube

Paraná mostrou brio e alguma técnica; pra título, foi pouco

“A condição de azarão cai bem ao Paraná, que se refaz aos poucos”, escrevi antes do primeiro turno. Mantenho: o Paraná corre por fora no Estadual. Mas já mostrou que tem potencial para mais. A foto acima causa arrepios nos tricolores: o jogo contra o J. Malucelli foi polêmico (segue rendendo) e poderia, naquele momento, ter mantido o time na briga pela 1o turno. No entanto, com 5 empates em 11 jogos, mostrou irregularidade. Como quando vencia o Arapongas em casa por 2-0 e viu a asa-negra empatar o jogo, por pouco não virando o placar.

Para o 2o turno, pouco muda: a entrada de JJ Morales deu ânimo novo ao Tricolor, que tem uma defesa interessante e um entrosamento vindo da manutenção de Toninho Cecílio. Se o técnico (que está cotado no Criciúma) ficar, dá pra sonhar. E dá pra brigar pelo acesso na Série B nacional.

Atlético:

Douglas Coutinho, uma das poucas boas novas do Atlético no PR13

O torcedor atleticano deve esquecer a conquista do campeonato estadual. O mantra da diretoria pegou em boa parte da massa: “privilegiar a pré-temporada para colher no Brasileiro em detrimento ao Estadual”, como detalhado no guia do primeiro turno. Uma pré-temporada inédita, com quatro meses sem jogos oficiais – luxo que nem o Barcelona tem, mas esse é outro papo. Para o Paranaense, seguirá o time Sub-23 que foi abaixo da crítica no primeiro turno, amargando um quinto lugar. Seja por questões políticas, seja sob a justificativa de privilegiar o Brasileirão e a Copa do Brasil (a revelia de parte dos jogadores e comissão técnica), o Atlético não quer disputar o Estadual com o time principal.

O elenco S-23, no entanto, apresentou três boas surpresas: Hernani, Douglas Coutinho e Júnior de Barros. Foram as novidades que se salvaram em um time que, já se anunciou, seguirá trabalhando em 2013 em torneios internacionais e que em 2014 deve se manter disputando o Paranaense. Caminho aberto para os rivais serem hegemônicos no Estado – aposta, por outro lado, em um dezembro nacionalmente mais feliz. É esperar pra ver.

Londrina:

Celsinho está realmente aproveitando a chance

O LEC confirmou: “depois de muito tempo, aponta como um dos postulantes ao título estadual (ou ao menos a uma boa campanha)”. Danilo, Dirceu, Germano, Celsinho e Neílson formam a espinha do principal obstáculo do Coxa na luta pelo tetra. O Londrina foi bem dentro e fora do Café. Teve o melhor ataque (25 x 23 do Coritiba) e a segunda melhor defesa. No entanto, no segundo turno, fará apenas 5 jogos em casa – isso se não pegar nenhuma suspensão pelos eventos na última rodada do turno.

O Londrina já pode dizer que o Estadual foi bom. Se não for um desastre no 2o turno, vai confirmar as vagas na Copa do Brasil e na Série B; retomou o orgulho ao levar 30 mil pessoas no jogo contra o Coritiba; e, mesmo timidamente, pode dizer que brigará pela taça, após 21 anos.

Os demais:

Na categoria “correm por fora”, indiquei 3 clubes que não cumpriram a previsão. O Operário está muito mais próximo de brigar para não cair do que pelo título ou vagas; viveu uma relação bipolar com Lio Evaristo, que pediu demissão, voltou atrás e acabou saindo no final do turno, para chegada de Paulo Turra, que deixou o Cianorte, outra decepção. O Leão ainda reagiu no fim e jogou o Rio Branco na área de rebaixamento. No segundo turno, deve melhorar, mas não brigar em cima. Assim como o Arapongas, que até anunciou que irá parar as atividades ao final do campeonato.

Entre os figurantes, o  J. Malucelli surpreendeu, mas não deveria: é um clube organizado que mantém tudo em dia e dá uma estrutura aos jogadores, ainda que simples. Deve seguir em cima. Toledo e ACP ficaram e ficarão no meio da tabela. Drama vive o Rio Branco, que levou as duas piores goleadas da competição e terá a missão de ser melhor que os rivais que encerraram do 5o (Atlético, 14 pontos) ao seu 11o lugar, com 10 pontos. O Nacional, que em 2012 foi vice da segundona local subindo com o Paraná, já pode planejar a disputa da divisão inferior. Com 1 ponto em todo o turno, precisa de um milagre para escapar – algo como ganhar o 2o turno.

Suburbana: O Mundo já pode acabar – Iguaçu campeão 2012!

Foi sofrido, suado. Até mesmo um dilúvio, parecendo que o Mundo ia realmente acabar, impediu a conquista na data original. Mas nem o fim do Mundo, nem o Bairro Alto, puderam impedir a festa do Iguaçu. Que venham os Maias!

por Ana Claudia Cichon*

  • Camisa alvi-negra da colônia famosa, só da alegria ao seu torcedor

E quanta alegria. No sábado (15), a torcida iguaçuana era só sorrisos. Depois de perder o primeiro jogo por 2-1, vencer o segundo de virada, pelo mesmo placar, e de ver o mundo cair e cancelar a terceira partida, finalmente pôde tirar o grito de campeão, preso há 20 anos na garganta. Laércio – o cara das finais, com três gols em três jogos – balançou as redes aos 32 do primeiro tempo, o gol que garantiu o campeonato.

A partida, que começou calma, pegou fogo no segundo tempo, com quatro expulsões: João Paulo, pelo lado do Bairro Alto, e Émerson, Luisinho Netto e Laércio pelo Iguaçu. Nos últimos segundos, já debaixo de chuva, que não podia deixar de fazer parte da festa, até o goleiro Roberson se arriscou em busca do empate para o CABA, mas nada podia ser mudado.

Apito final, taça na mão e trajeto do Francisco Muraro até o Egídio Pietrobelli feito em carro de bombeiros. O Iguaçu deu muita alegria ao seu torcedor.

  • No campo da luta ela é valorosa e o seus atletas têm raça e valor

Vilson, Leandro, André, Clé, Merci, Flávio, Luciano, Émerson, Luisinho Netto, João Madureira, Nilvano, Douglas, Hideo, Laércio, Guilherme, Samuca, Franco, Je, João Victor, Murilo, Marlon, Du, Fábio e Ricardinho.

Estes são os 24 jogadores que fizeram parte do grupo campeão, que jogaram com raça e amor à camisa, que lutaram do início ao fim do campeonato acreditando neste título, junto à comissão técnica e diretoria.

  • Iguaçu hó esquadra querida, Iguaçu tantas vezes campeão

1959, 1962, 1966, 1967, 1973, 1977, 1992 e agora 2012.

Com os oito títulos, o clube é o segundo maior campeão da Suburbana, atrás apenas justamente do grande rival, Trieste.

  • Iguaçu meu amor, minha vida, serás eterno em meu coração

Seria o Iguaçu o Corinthians da Suburbana paranaense? Campeões no mesmo final de semana (o Timão conquistou o Mundial de Clubes no domingo), os dois clubes são alvinegros e, por esta parte do hino iguaçuano, lembramos não só da música entoada no Pacaembu “Corinthians minha vida, Corinthians minha história, Corinthians meu amor” como também do hino corintiano – eternamente dentro dos nossos corações.

  • Pavilhão altivo coberto de glória, tornando mais forte a sua mocidade

93 anos, com corpinho de 25. O clube mais antigo do futebol amador de Curitiba, fundado em 6 de junho de 1919, juntou a experiência e a juventude dentro e fora de campo para a conquista deste título.

  • Tens na lealdade a sua vitória, orgulho maior de Santa Felicidade

Crianças, jovens, adultos, senhores e senhoras. O Iguaçu é de todas estas pessoas que acompanham a equipe. De todos que auxiliam no barraquinha do pão com bife, que cuidam dos uniformes, que deixam o gramado em boas condições, que divulgam o clube nas redes sociais, que gritam, sofrem e estão com o clube em todos os jogos. Vocês são o orgulho maior do Iguaçu!

  • Confira fotos e vídeos da comemoração do título:

Fotos, clique aqui.

Ao final da partida, jogadores fazem a festa

Torcida iguaçuana esteve presente no Francisco Muraro e comemorou junto com os atletas:

Hideo, Nilvano, Luciano e Leandro falam um pouco sobre a emoção da conquista: 
http://www.youtube.com/watch?v=ueb0vGM1n14&feature=youtu.be

Luisinho Netto, multicampeão, levanta mais uma taça:

Não importa se é Copa do Mundo ou Suburbana, a volta olímpica faz parte da comemoração:

Presente no último título do Iguaçu, em 92, ainda como jogador, o hoje auxiliar e preparador físico se emociona com a vitória:

Com a palavra, o presidente:

O texto é uma tentativa de homenagear a todos que de alguma forma fazem parte da Sociedade Operária Beneficente Esportiva Iguaçu, esse clube tão simpático e acolhedor. Parabéns pela conquista!

Parabéns também ao Bairro Alto, que com grandes méritos chegou à final e fez o duelo ganhar em emoção e em bom futebol e a todos os outros clubes que engrandeceram este campeonato ao longo de 2012. Que em 2013 o futebol amador do Paraná conquiste ainda mais força e espaço.

Os parágrafos são de trechos da letra do hino do Iguaçu, cujo autor são o Tenente Sebastião Lima e ainda Pedrinho Culpi, como coautor.

*Ana Claudia Cichon é jornalista e acompanhou a Suburbana 2012 pelo blog.

Um museu do futebol na Vila Madalena

Pausa na Olimpíada para aproveitar uma pequena folga em Sampa. Estive no Bar São Cristóvão, na Vila Madalena, um museu do futebol informal, montado pelo proprietário – que não estava na casa, pena – um goiano muito provavelmente fanático pelo Atlético-GO, dado a quantidade de artefatos do Dragão no bar (mas com alguma coisa do Goiás também).

A entrada do bar, quase sem um centímetro de parede branca

O bar reúne na parede fotos, artefatos, camisas, revistas, faixas, cachecóis e qualquer coisa que remeta a futebol. Todos os funcionários trabalham com a camisa do São Cristóvão FR do Rio, o clube que revelou Ronaldo.

Um bem gelado, servido pela camisa 6 do São Cristóvão

Entre fotos do Pelé, artefatos de times dos mais diversos cantos do Mundo (por ser São Paulo, imagine a quantidade de coisas sobre o Corinthians…) de forma democrática, encontrei, claro, coisas do futebol paranaense. Apesar de muito procurar, não vi nada do Londrina ou do Operário. Mas a capital está representada.

Supercampeão Paranaense 1988, faixa original do Atlético

O primeiro título de Nelsinho Baptista e Adilson Batista (então um promissor zagueiro) veio sobre o extinto Pinheiros, em 1988, após uma série dramática que incluiu a perda de um pênalti no último minuto do segundo jogo, por parte do artilheiro Carlinhos Sabiá. No 3o jogo, em desvantagem (perdera o 1o por 0-1) o Furacão superou um dos pais do Paraná e ficou com a taça. A faixa de campeão está emoldurada em uma das paredes do São Cristóvão.

"Ahá-uhu! O mini-estádio é nosso!"

Entre alguns outros artefatos, o Coritiba está representado pelo Couto Pereira nas paredes do São Cristóvão. O mini-estádio, presente do extinto jornal Primeira Hora da RPC no início dos 2000’s, está lá, emulando o maior estádio paranaense. Um pouco amarelado pelo tempo, o mini-estádio (que na promoção do jornal vinha em partes para montagem e atendia às três torcidas curitibanas) tem até o detalhe do escudo do Coritiba atrás do gol da Perpétuo Socorro.

Tricolor, pertinho do Rei

Num cantinho – mas não menos importante – está representado o Paraná Clube, com um escudo de tecido tal qual os das primeiras camisas, emoldurado, próximo a uma foto histórica dos maiores times brasileiros nos 60’s: Santos, de Pelé e Pepe, e Botafogo, de Didi e Nilton Santos.

Linha retrô de camisas, fabricação do bar

O bar, além de quitutes, acepipes e  drinks refrescantes, também tem uma linha de camisas retrô de alguns clubes brasileiros. Olaria e São Cristóvão são intrusos no seleto grupo do eixo (que exclui a Portuguesa) RJ-SP-MG-RS. A camisa da Seleção também está disponível. Futebol paranaense? Ficou pra uma outra. Quem sabe se eu voltar e conseguir encontrar o dono para sugerir.

De todo modo, não é o bairrismo que deve atrapalhar sua visita neste museu informal do futebol, quando estiver de passagem em São Paulo.

Videocast #007 – É hora de decisão: Copa do BR, Libertadores, Série Prata…

Semana cheia, videocast comentando a decisão da Copa do Brasil para o Coritiba, a carência já crônica no Atlético, o impacto de uma conquista do Corinthians no Paraná, o retorno do Paraná Clube à elite local, o fim (ou não) do Pinheirão e alguns golaços!

Confira e comente!

Abrindo o Jogo – Coluna no Jornal Metro Curitiba de 27/06/2012

O compromisso com o erro

Está tudo errado no futebol do Atlético em 2012 e a classificação na Série B do Brasileiro atesta isso. Por isso, apesar de cair na chacota popular, a troca de comando técnico – ainda não 100% confirmada – de Ricardo Drubscky, recém chegado (dois jogos) não deve ser vista como um erro; é uma correção de rota. Erro é insistir em um técnico inexperiente comandando um elenco falho. Drubscky, até o fechamento dessa coluna ainda no cargo, não tem o perfil necessário que o Furacão precisa para voltar à elite ainda nesse ano. Pode ser útil na base, no Sub-23, time que deverá jogar o Estadual 2013. Mas para a Série B o nome de Jorginho, campeão desta competição no ano passado com a Portuguesa, é sem dúvida o mais adequado ao momento. Atlético ou ninguém deve ter compromisso com o erro e ao se confirmar essa informação, isso deve ser mais valorizado do que a aposta errada. Mas vale lembrar que só a troca de treinador não resolve: reforços são exigidos para o objetivo.

A frase

“O melhor para o torcedor do Atlético é ver o time campeão e de volta a Serie A. O Atlético precisa ser forte e eu to pensando mais no Atlético”, disse Jorginho, dando a entender que comprou o projeto, em entrevista à Rádio CBN Curitiba ontem.

O símbolo

Dinheiro não é tudo, nem mesmo no mercado do futebol. Lúcio Flávio estreou bem e faz bem ao Paraná Clube – que já é melhor que o Atlético na Série B.

O fator casa

Faltam ainda 15 dias para o início da série decisiva da Copa do Brasil entre Coritiba e Palmeiras, mas desde já firmo posição. No campo, confronto equilibrado, com o Coxa vivendo um momento ligeiramente melhor. Fora dele, vantagem ampla paranaense. Não dá para negar que o Couto Pereira pesará na decisão, enquanto o Palmeiras mandará o jogo em um campo sem identificação, Barueri. Esse ano, o Coxa não deixa escapar.

Pobre mercado esportivo

Defende – justamente – fim da censura em alguns casos, mas aplica censura velada em outros; majora em 40% o valor da anuidade, sem realizar reciclagem de profissionais, ciclo de palestras, integração com universidades e outros benefícios para a classe; tornou-se um pedágio inconstitucional para o trabalho, mesmo de quem está referendado por um veículo, tem 10 anos de exercício, formação acadêmica e está autorizado pelo dono do espetáculo; usa de truculência nas ações; libera associação mediante pagamento, se pretendendo reguladora profissional, botando os clubes em maus lençóis; serve como trampolim político. Qual o futuro de quem leva a notícia ao público esportivo com esse cenário em determinada associação? Que interesses são defendidos por quem escreve a notícia que você lê/ouve? Olho aberto, leitor.

Alerta tricolor

Douglas, a boa surpresa dos reforços do Paraná (foto: Kiu Aureliano)

Confesso que não tenho acompanhado mais que os resultados da Série Prata na campanha do Paraná. Nas duas vezes que me animei em ir ao estádio, choveu; não há televisão e, apesar de vários colegas narradores serem competentíssimos no que fazem, analisar esquema tático e desempenho só de ouvido é um risco muito grande.

Limitarei-me então a falar duas coisas sobre o título do primeiro turno do Paranaense Segunda Divisão, ganho ontem pelo Tricolor.

A primeira é que a campanha não deixa dúvidas do acerto na montagem do elenco e do preparo do time, elaborados, entre outros, por Alex Brasil e o técnico Ricardinho. O Paraná sobrou e só perdeu pontos em Rolândia. O maior susto foi estar perdendo por 2-1 para o Grecal, em casa. Acabou 5-2. Fez 22 dos 24 pontos possíveis até aqui (e ainda jogará com o Serrano, de Prudentópolis), abrindo distância de 6 pontos para o segundo colocado, o Júnior Team (pra mim, o outro favorito à vaga) em quem enfiou 6-1 no primeiro jogo. E isso jogando dia sim, dia não, em partidas intercaladas ora com Copa do Brasil, ora com Série B. Em resumo: sobrou.

Mas há um alerta a fazer, sem politicagem, na bucha mesmo: nada está ganho. O óbvio da frase ganha sentido ao olhar o regulamento da competição.

Caso você ainda não saiba, só há um jeito de o Paraná desinchar o calendário e acabar logo com essa segunda divisão: ganhando o segundo turno. A partir de agora, o Tricolor terá que se dedicar mais à Série B, um campeonato muito mais difícil que a Prata. Pode acabar relaxando no Estadualzinho. E isso pode sair caro.

O regulamento da segundona local é diferente do da primeirona. O vencedor do 1o turno NÃO garante vaga na decisão; se por um acaso qualquer outro time vencer o segundo turno, haverá uma semifinal entre os 4 melhores colocados, com cruzamento a partir da pontuação. O 1o pega o 4o e o 2o enfrenta o 3o, em dois jogos. Depois, a decisão, com mais dois jogos. Trocando em miúdos, se o Paraná não vencer o segundo turno, terá que disputar o acesso em uma semifinal, talvez em um momento agudo da Série B nacional, no final do turno, quando os times já estão mais entrosados. A tabela da Série Prata prevê a última rodada do returno para 14/07. Presumo que as datas das semifinais fiquem para 21 e 28, portanto.

Mais um atraso de vida no caminho de 2012 do Paraná. Que realmente plantou em campo essa fase, mas deveria contar com ao menos um pingo de organização da Federação Paranaense para poder disputar com força o campeonato que realmente interessa: o Brasileiro.