Livro desmistifica “Democracia Corintiana” e crava: 87 é do Sport

A “Democracia Corintiana” era, na verdade, uma ditadura coordenada por poucos; não há dúvidas de que o campeão brasileiro de 1987 é o Sport; Charles Miller não foi o primeiro a trazer o futebol para o Brasil, que mereceu perder 1982, fez escola para a Espanha em 94, não entregou em 98, só venceu em 1970 porque Zagallo – e não Saldanha – ajeitou o time e tem um futebol de clubes pulsante por conta de Ricardo Teixeira, gostem ou não.

As polêmicas afirmações são frutos de uma extensa pesquisa histórica, com diversas entrevistas com personagens centrais do futebol brasileiro, realizadas pelos jornalistas Leonardo Mendes Junior (ESPN, Gazeta do Povo) e Jones Rossi (Globo, Veja). O livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Futebol” vai na contramão de tudo o que é pregado em muitas histórias do mundo da bola. A obra custa a partir de R$ 39,90 e já está a venda em várias livrarias em todo o Brasil.

A ideia surgiu quando os dois, curitibanos então radicados em São Paulo, se encontraram com o conterrâneo Leandro Narloch, autor dos guias “Politicamente Incorretos” do Brasil, da América e do Mundo. “Tiramos a lama de personagens eternamente jogados no buraco e jogamos um pouquinho dessa lama em quem o futebol sempre tratou de santificar”, conta Leonardo.

As polêmicas a partir dele – como as duas dos trechos abaixo – são previstas pela dupla, que defende o livro como um documento histórico:  “Tudo foi baseado em fatos. Por ser baseado em fatos e não uma obra de ficção, é, sim, um documento histórico.” Cabe ao leitor descobrir mais. O blog dá uma mãozinha, antecipando dois trechocs. Leia abaixo:.

Este, sobre a Democracia Corintiana:

A Democracia perseguia quem discordava dela. Com a eliminação precoce no Paulista de 1981, o Corinthians foi disputar o Troféu Feira de Hidalgo, na cidade de Pachuca, no México. O time ficou com o título e disputou mais partidas na Guatemala e em Curaçao. 
 
O lado negro da Democracia Corintiana começava a entrar em ação. O elenco decidiu que alguns jogadores deveriam deixar a equipe. Wladimir, o lateral-esquerdo daquele time, recorda: “Nessa excursão, nós percebemos duas pessoas extremamente individualistas, que eram o Rafael [Cammarota, campeão brasileiro pelo Coritiba em 1985] e o Paulo César Caju. O Rafael às vezes achava que tinha que ganhar a posição no grito, porque era um goleiro bonito, alto, experiente. O reserva dele era o César, que era baixinho, feio, preto. O Paulo César Caju também pensava só nele, se achava o bambambã, campeão do mundo, essa coisa toda.”
 
Rafael e Paulo César Caju foram afastados do elenco meses depois. Ali, a Democracia Corintiana começou a demonstrar sua face pouco democrática .Para Rafael, sua ruína foi ter apoiado publicamente o ex-presidente Vicente Matheus. Por isso o grupo não levou em conta as más condições físicas do titular César nas semifinais do Brasileiro de 1982 contra o Grêmio, sob o argumento (que seria repetido um ano depois, contra Leão) de que Rafael poderia entregar o jogo para  prejudicar o movimento. O ex-goleiro relembra: “A Democracia era boa para três, para o resto não era, porque quem resolvia eram os três: o Magrão, o Adílson e o Wladimir. O Casa era o escudeiro, porque estava começando. Tudo era resolvido entre eles, eles não traziam nada para nós. Quando vinha para a gente já vinha resolvido, já vinha feito. Que porra de democracia era essa?”. Adílson teria lhe dito: “Sua indisciplina não foi técnica, nem física.  A sua indisciplina foi ter falado que preferia o tempo do Matheus”. (…)
 
A democracia era filha de [o publicitário Washington] Olivetto, Glorinha Kalil e Juca Kfouri. Desde o começo, a Democracia Corintiana foi um movimento-fetiche, adotado por jornalistas e publicitários que gostariam de ver suas próprias utopias e ideologias representadas nos jogadores de futebol.
 

Aqui, um ponto final na incessante polêmica sobre o Brasileirão de 1987:
 

Até a metade do nacional de 1987, jogar um quadrangular com o campeão e o vice da Copa União valendo vaga na Libertadores seria o máximo que o Sport conseguiria. A ardilosa movimentação de Eurico Miranda permitiu que a CBF desse chancela de disputa de título brasileiro ao quadrangular. Ainda assim, o Sport teria de vencer o Guarani – algo que não tinha conseguido fazer na decisão do módulo amarelo –, Flamengo (um esquadrão com Zico, Bebeto, Renato Gaúcho, Leandro, Edinho, Mozer e Leonardo) e Internacional (outro timaço, com Taffarel, Luís Carlos Winck, Aloísio, Luís Fernando e o técnico Ênio Andrade).
 
Em janeiro de 1988, o Flamengo ainda tentou derrubar a realização do quadrangular. Convocou um Conselho Arbitral para mudar o regulamento do campeonato – possibilidade contemplada pelo Conselho Nacional de Desportos (CND), desde que fosse por unanimidade. Dos 32 clubes dos módulos verde e amarelo, 29 compareceram. Destes, sete votaram contra a mudança nas regras, o suficiente para barrar o pedido do clube carioca e manter o quadrangular.
 
Na prática, o Sport precisou fazer muito menos. O Flamengo recusou-se terminantemente a jogar o quadrangular. O Inter ainda hesitou, pois estava de olho na vaga para a Libertadores e cogitou a realização de um triangular com pernambucanos e bugrinos. Mas, em nome da unidade do Clube dos 13, manteve-se fora da disputa. (…)
 
O Sport foi reconhecido pela CBF, pela Fifa e pela Justiça como único campeão brasileiro de 1987.  Anos depois, em um nítido caso de conveniência política, acabou reconhecido pelo São Paulo, clube que liderou a rebelião materializada pela Copa União.  Em 1975, a Confederação Brasileira de Futebol instituiu a Copa Brasil, troféu que, pelo seu formato, acabaria conhecido como Taça das Bolinhas. 
 
Ele seria de posse transitória até que o campeonato nacional fosse conquistado pelo mesmo clube por três vezes consecutivas ou cinco alternadas. Nas contas do Flamengo, a taça seria sua a partir de 1992, quando o clube teria conquistado o Brasileirão pela quinta vez –  o quarto título seria o da Copa União. O São Paulo passou a pleitear a posse definitiva da honraria em 2007, quando venceu o seu quinto nacional. Para isso, porém, teria de ir contra sua posição histórica como fundador do Clube dos 13 e ator principal na criação da Copa União. E assim fez o clube paulista, que segue na Justiça tentando provar que é o verdadeiro dono da Taça das Bolinhas.

Em breve, a editora lançará uma versão eletrônica (E-Book), que pode ter acréscimo de capítulos com outros temas que ficaram de fora da primeira leva. 

O atalho mais fácil para a Libertadores mudou

Começou nesta terça (30) a Copa Sulamericana 2013, daqui por diante, “o atalho mais fácil para a Libertadores”. Pelo menos é essa a expectativa de nove clubes brasileiros, com a mudança no regulamento que integrou os times da Libertadores à Copa do Brasil, tornando o antigo atalho mais espinhoso. Clubes da Série A, como Coritiba, Ponte Preta, Bahia e Vitória foram surpreendidos por Nacional do Amazonas (eliminou os dois primeiros), Luverdense-MT e Salgueiro-PE, equipes que estão nas Séries D e C do Brasileirão. Como prêmio de consolação, entraram na Sulamericana 2013 – bônus que atingiu até mesmo o Sport, hoje na Série B nacional.

Depois que a bola rolar nesta terça para Liga de Loja, do Equador, e Deportivo Lara, da Venezuela, a teoria poderá se tornar prática. Apesar da imensa maioria dos nomes da Sula assustarem menos os participantes do que equipes como o campeão da Libertadores Atlético-MG, do Mundial, Corinthians e o líder do Brasileirão, Cruzeiro, entre outros, não só de coadjuvantes é feita a competição dois da Conmebol. Na tabela abaixo, você pode ver os cruzamentos possívels até a decisão.

Equipes como o River Plate da Argentina (há também o River uruguaio nessa competição), os também argentinos Vélez e Lanús, a Universidade Católica do Chile, o Atlético Nacional da Colômbia, o Cerro Porteño do Paraguai e o Peñarol, do Uruguai, são tão postulantes ao título quanto os brasileiros. Outros ilustres desconhecidos, como o impagável El Tanque Sisley do Uruguai, o Deportivo Pasto da Colômbia ou o Inti Gás, da empresa peruana fornecedora de gás combustível, deixam a Sulamericana com a cara de uma grande competição entre bairros.

É grande a chance de um brasileiro estar na decisão, mas dependerá de Ponte ou Criciúma (quem avançar no duelo interno) fazer a primeira final nacional no torneio, que já teve dois brasileiros campeões: Inter, em 2008, e São Paulo, o atual detentor do título – que por isso entra diretamente nas oitavas de final. O Tricolor Paulista poderá encarar Bahia ou Portuguesa nas quartas. Baianos e paulistas têm na mesma chave o Atlético Nacional da Colômbia, campeão da Libertadores em 1989 e foi 12o no último campeonato colombiano – o Clausura 2013 acabou de começar.

O surpreendente clássico pernambucano na Sula pode definir um semifinalista contra outro brasileiro. Sport e Náutico se encontram no torneio sulamericano depois de o Timbu comemorar muito a vaga internacional no jogo do Brasileiro 2012 que definiu o rebaixamento rubro-negro. Quis o regulamento que os times se reencontrassem justamente na volta do Náutico à uma competição da Conmebol depois de 45 anos. Quem avançar, tem como mais tradicional possível adversário na chave o Barcelona de Guayaquil. Para que as quartas tenham duelos brasileiros, Coritiba ou Vitória devem superar equipes de menor expressão, naquela que pode ser considerada a chave mais fácil dos brasileiros na disputa. Coxa e Leão já se enfrentaram na Sulamericana. Em 2009, uma vitória por 2-0 pra cada lado, em casa, e o Vitória avançou nos pênaltis. Se o Coxa passar e encontrar o Barça equatoriano, reedita um confronto da Libertadores 86, quando foi 7o colocado.

Do outro lado, Ponte Preta ou Criciúma tem vida indigesta até uma eventual final. Quem passar, pode pegar o Colo-Colo nas quartas. O time chileno, campeão da Libertadores em 1991, foi 10o no Torneio “Transición”, que fez com que o calendário chileno se adequasse ao europeu. A nova competição começou no dia 27/07 – e o Colo-Colo perdeu na estreia, 0-4 para o Audax Italiano. Depois o caldo pode engrossar ainda mais, com possibilidades de confrontos com o também chileno Cobreloa, o tradicional uruguaio Peñarol ou o argentino Vélez Sarsfield.

Copa Sulamericana e Copa do Brasil, já há algum tempo, são tratadas apenas como um atalho para a Libertadores, o que é um equívoco. Vale sempre lembrar que vale taça continental e também duas vagas: uma para a Recopa Sulamericana, contra o Atlético-MG em 2014, e uma disputa intercontinental, a Copa Suruga, que opõe o vencedor da Sula ao da Liga Japonesa. E taça no museu é o que interessa, afinal.

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Libertadores para todos: quem está na fila?

Galo campeão da Libertadores: quem quiser que pegue a senha

A piadinha recorrente entre os rivais era de que o Governo acertou em cheio ao lançar o programa “Libertadores para todos”, uma gozação com a longa espera de Corinthians e Atlético Mineiro em conquistar o título que os rivais já tinham. Campeão, o Galo já pensa no Mundial e desafia os interessados a tentarem no ano que vem. Dos 16 maiores clubes do Brasil, 10 já têm a cobiçada glória. Quem, portanto, estraria no “LPT” fictício? 

O Fluminense abre a lista de espera. Vice-campeão em 2008, quando perdeu para a LDU do Equador, o Flu é o atual campeão brasileiro e tem feito boas campanhas nos últimos anos. Namora com a taça – tem seis participações e foi sétimo neste ano – mas começou mal o Brasileirão 2013 e terá de suar para chegar à Libertadores por essa via. Por outro lado, está na Copa do Brasil – outrora o caminho mais curto.

Outro vice-campeão continental que está na fila é o Atlético Paranaense. Depois de perder a final de 2005 para o São Paulo, não repetiu as boas atuações e até amargou uma Série B em 2011. Teve três participações no torneio continental – a última, no mesmo 2005 – e neste ano está mal no Brasileirão. O Furacão, a exemplo do Flu, também tem a Copa do Brasil como atalho para a glória.

Terceiro colocado no distante ano de 1963, o Botafogo é mais um dos grandes na lista de espera. Disputou a Libertadores em três ocasiões, sendo a última em 1996. Está na briga pelo Brasileirão 2013 e também está na Copa do Brasil.

Quinto colocado em 1989, o Bahia é outro que aguarda sua senha no painel. Participou três vezes da competição, sendo a última exatamente no ano de sua melhor campanha. No Brasileirão, está no meio da tabela, mas terá um atalho diferente para voltar à Libertadores: a Copa Sulamericana. Quem sabe um título continental seguido do outro?

O Coritiba é outro campeão brasileiro à espera da taça continental. Sétimo colocado em 1986, quando disputou a competição como campeão brasileiro, participou também em 2004 e não mais voltou. Briga na parte de cima da tabela no Brasileirão 2013 e pode tentar a volta também via Copa Sulamericana.

A lista dos grandes ainda sem Taça Libertadores se fecha com o Sport. Foi 11o colocado em 2009, quando disputou pela segunda e última vez a competição. Está na Série B nesta temporada, mas, curiosamente, pode disputar a Libertadores 2014: para tanto, precisa ganhar a Copa Sulamericana, competição na qual está por conta dos novos critérios da CBF.

  • Jejum e repeteco

Se quem ainda não ganhou a competição está sedento, a vontade dos que já faturaram em repetir não é menor. Dos 10 clubes brasileiros campeões da Libertadores, o maior jejum é o do Flamengo, campeão pela única vez em 1981. O Grêmio, bicampeão em 1995, já podia ter saído da fila, mas perdeu a decisão de 2007 para o Boca Jrs. Curiosamente, na sequência do jejum, está outro bicampeão que perdeu final recentemente: o Cruzeiro, que levou em 1997 mas perdeu para o Estudiantes em 2009.

Campeão em 1998, o Vasco aumenta a fila dos jejuantes, seguido do Palmeiras, que poderia ter levado o bi entre 1999 e 2000, mas perdeu a segunda final. Um pouco menos impacientes estão os torcedores do São Paulo, tricampeão em 2005. Assim como os do Internacional, que levou o bicampeonato na primeira das quatro finais seguidas com brasileiros em 2010. Depois de um longo jejum – desde a Era Pelé – o Santos também não tem muito do que reclamar, campeão em 2011. O Corinthians, por sua vez, ainda está em lua de mel com a torcida pelo belo ano de 2012. E o do Atlético-MG… esse então, acha tudo isso aqui uma grande festa!

  • Menções honrosas

Dois clubes brasileiros não se encaixam no perfil acima, mas merecem menção pelas ótimas participações em Libertadores. Vice-campeão em 2002, o São Caetano não conseguiu se fixar entre os clubes mais fortes do Brasil, mas fez belas campanhas no início dos anos 2000, incluindo dois vices no Brasileirão e três participações na competição continental. Hoje patina na Série B.

Outro que tem história para contar na Libertadores é o Guarani. O Bugre foi terceiro colocado em 1979 e também jogou por três vezes a Libertadores, sendo a última em 1988. Atualmente disputa a Série C do Brasileirão.

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Sport e Vitória, campeões mundiais em publicidade

Sport e Vitória, leões de ouro em Cannes

Vitória e Sport vivem bons momentos dentro de campo: um é o vice-líder da Série A e outro engatou a terceira vitória consecutiva, entrando no G4 da Série B. Objetivos modestos, distantes do que ambos conseguiram recentemente fora de campo: seis títulos mundiais.

Os dois rubro-negros, Leões do Barradão e da Ilha, trouxeram mais alguns para a alcateia, diretamente da França. Cannes é a cidade que recebe o mais famoso festival de publicidade do planeta.  É o Oscar da propaganda.

Sport e Vitória, pela ordem, conquistaram prêmios importantíssimos no último festival do segmento. Duas campanhas, mexendo com a emoção do torcedor ao solicitar doações de órgãos e sangue, num ativismo social pouco visto no futebol. Dois belos vídeos, que você pode ver abaixo.

Os pernambucanos trouxeram quatro leões para o Brasil e outros dois rumaram para a Bahia. Bom para a OGLIVY, que criou a campanha do Sport e foi a agência brasileira mais premiada no ano. E também para a Leo Burnett Tailor Made, criadora da campanha do Vitória.

  • As premiações:

Área: Promo & Activation (avalia o efeito da ação promocional junto ao público – a adesão à ideia, para simplificar)

Sport Club Recife – Grand-PrixMelhor campanha integrada

Sport Club Recife – Leão de OuroMelhor imagem corporativa

Área: Direct (avalia a mensagem diretamente ao público)

Esporte Clube Vitória – Leão de Ouro:  Melhor uso de marketing direto.

Esporte Clube Vitória – Leão de Prata:  Melhor uso de mídia não-convencional/ação viral

Área: saúde pública e alertas populacionais

Sport Club Recife – Leão de PrataMelhor uso de mídia não-convencional/ação viral

Sport Club Recife – Leão de BronzeMelhor uso de mídia digital

  • As peças:

Vitória:

Sport:

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Com a ajuda do Fabrício Kichalowsky.

 

Polêmica: clássico carioca gera resistência em Recife

Itaipava Arena: nenhuma das cores de Pernambuco no domingo (foto: divulgação)

Revolta de um lado, comemoração de outro. Desde essa quinta estão à disposição do torcedor pernambucano os ingressos para o grande clássico de domingo. Não, não se trata de nenhum jogo entre as três principais forças locais, Sport, Santa Cruz e Náutico – o “dono” da Arena. É sim o clássico Vovô, Botafogo e Fluminense, marcado para São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife. Será o primeiro grande clássico da Arena… Pernambuco. Alegria para os torcedores dos times do Rio na região, revolta daqueles que apoiam o futebol local.

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O jogo entre Botafogo e Fluminense fez com que a partida do único clube pernambucano com contrato com a Arena fosse antecipado. Náutico e Ponte Preta duelam no sábado, um dia antes do jogo entre os cariocas. Os torcedores locais se rebelaram, não importando a camisa. O Santa Cruz jogará também no domingo, no Arruda, contra o Cuiabá, pela Série C do Brasileiro. Um movimento intitulado Movimento Popular Coral, da torcida do Santa, lançou um desafio: colocar mais gente no Arruda que na Arena. Em entrevista ao jornalista Leonardo Mendes Jr. um dos líderes do MPC, Lucas de Souza, disse que os rivais se uniram na ideia de descredibilizar o duelo carioca: “Deslocaram o jogo do Náutico para sábado para dar vaga a esse Botafogo x Fluminense só com intenção financeira e de fazer os nossos torcedores torcerem por times de fora. Os pernambucanos sempre foram resistentes a times de outros estados e agora a revolta foi grande e rápida. A própria administração da Arena ficou surpresa pela reação. Conseguiram provocar uma rejeição das três torcidas. Vamos por mais público no Arruda para desmoralizar esse clássico carioca.”

A administração da Arena sentiu o golpe, mas justificou a ação. Ainda sem contratos com Sport e Santa – que não pretendem sair de suas casas – a ideia é buscar toda a renda possível com o novo estádio. Segundo informações do jornalista Cássio Zirpoli, “na parceria público-privada, o governo do estado terá que suprir o rombo no faturamento anual caso a receita da temporada seja abaixo de 50% da previsão inicial, de R$ 73,2 milhões, segundo aditivo assinado em 21 dezembro de 2010.” Os valores do aluguel para o jogo com mando do Botafogo ainda não foram divulgados, mas os ingressos custam entre R$ 30 e R$ 60, sendo que o sócio do Botafogo pode pagar 50% do valor. Nos jogos do Náutico, que está trocando os Aflitos pela Arena, o desconto ao associado é de 30%.

Em um estudo recente divulgado pela Pluri Consultoria, o Estado de Pernambuco ficou em 5o lugar entre os mais resistentes a “invasão” de torcedores de outras praças. Cerca de 60% da população prefere os times locais, índice maior que de praças tão fortes quanto, como Bahia e Paraná, e atrás apenas de quatro estados, pela ordem: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Habitualmente vista em jogos de times do sudeste na região, a faixa “Vergonha do Nordeste” expõe um pouco a rivalidade inter-estadual entre os torcedores locais e os que vem de fora. Nada que incomode o pessoal de torcidas como a “ReciFogo” e “ReciFlu”, que devem contar com reforço de simpatizantes dos mesmos clubes nas cidades da região.

A imprensa local entrou na briga. Na capa do SuperEsportes, portal de notícias da região, o fórum de discussão provoca: “Quem for à Arena domingo é Pernambubaca?” No blog de Zirpoli, uma enquete aponta rejeição de 70% das três torcidas a ideia de receber jogos “forasteiros”. Dos 30% favoráveis, 9% são torcedores do Náutico, em tese, os maiores interessados. Os tricolores, com ou sem reforço dos torcedores de Sport e Náutico, pretendem por três vezes mais torcedores no Arruda que o número presente na Arena. E a discussão deve continuar: em Pernambuco já se comenta que Flamengo x Grêmio, na 16a rodada em 25/08, deve ser jogado na Arena. Sem poder usar o Maracanã e nem o Engenhão, o Flamengo mandará o jogo desta mesma rodada, contra o Coritiba, em Brasília – onde os times locais praticamente não têm vez. 

E você, o que acha disso tudo?

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Abrindo o Jogo da Série B – guia do acesso

“É o Palmeiras e mais três.” Você vai cansar de ouvir essa frase até o final do ano, quando se falar na Série B do Brasileiro. E ela tem muito fundamento: o Palmeiras é o time que mais recebe da televisão e em patrocínios e é, ao lado do Sport, um dos campeões brasileiros na Segundona neste ano. Ambos têm obrigação de subir. Então seria o “Palmeiras, o Sport e mais dois, certo?” Não. O dinheiro fala mais alto, mas a Série B é cheia de armadilhas.

Uma delas é a montagem do elenco. Time bom ganha em qualquer campo, mas não espere moleza se o espírito dos jogadores não estiver no clima de encarar viagens de ônibus até Varginha e Juazeiro, por exemplo. Além disso, o Palmeiras é o milionário (mesmo com dívidas) o Sport não: é mais rico que boa parte dos times, mas não muito mais que Ceará, Atlético-GO, Figueirense e outros. Por isso, ambos têm obrigação de subir, mas a do Sport é menor. E também por isso, não se espante se o Palmeiras não subir campeão.

A Série B tem times acostumados à competição e que também querem seu lugar ao sol. Forças regionais, como Paraná, Avaí e Paysandu, podem chegar. Outros podem tirar pontos preciosos nessa caminhada, como os Américas Mineiro e Potiguar e o Joinville. Mas, não se pode negar, existem sim as babas. Jogos em que os pontos são praticamente certos – o que não deixa de ser um perigo se houver desatenção. A Série B mudou muito desde que o Palmeiras a venceu em 2003 – e pra melhor. Mas para defini-la, empresto uma frase do amigo Dionísio Filho, ex-jogador e comentarista em Curitiba: “É como o céu: é ótima, mas ninguém tem pressa de morrer pra ir para lá.”

O céu, pra quem tá embaixo, é a Série A. E o blog arrisca uma leitura do que pode acontecer, com base nos estaduais e nos elencos até hoje. Alguns devem mudar, mas menos que na elite nacional. Por isso, aponto os favoritos ao acesso, quem pode surpreender, os que farão figuração e os rebaixáveis.  Em dezembro, conversamos de novo, ok?

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Favoritos:

Palmeiras, Sport, Paraná, Ceará, Figueirense, Atlético-GO e Paysandu.

O Palmeiras pode até não ser o campeão da Série B 2013, mas subirá com absoluta certeza. Não é difícil ver nem explicar isso, mas a base é o dinheiro. O exemplo vem do ano passado, quando o Atlético saiu de um 14º lugar para o 3º posto – teve até chance de título – a partir de uma arrancada com a reformulação de elenco. O Verdão tem muito mais recursos que qualquer outra equipe. O que precisa é ter cabeça e a atual diretoria já mostrou que tem, nas derrotas para Mirassol e Tijuana, mantendo o bom Gilson Kleina. Sem medo de errar: o Palmeiras subirá para a primeira divisão sem duvidas. Resta ver se com ou sem emoção.

Na Série B: Quatro vezes (todas estatísticas incluem a Taça de Prata), campeão em 2003

O Sport abrirá a Série B em crise, após a eliminação na Copa do Brasil e o vice-campeonato estadual, que custaram o cargo do técnico Sérgio Guedes. Mas tudo o que vale para o Palmeiras, vale para o Sport, em menor proporção. Incluindo o fato de que, se o acesso do Palmeiras é garantido e o título não, para o Sport o título é possível e o acesso uma meta, mas não garantida.

Na Série B: 10 vezes, campeão em 1990

A grande surpresa desta Série B pode ser o Paraná. Surpresa em termos, pois o Tricolor vai aparecer em quase todas as listas de favoritos ao acesso, como nos últimos anos. Entretanto, acabava decepcionando pois a inclusão vinha pelo histórico. Desta vez não: o clube está mais organizado e aposta em Dado Cavalcanti, que brilhou no Mogi-Mirim, como o comandante deste objetivo.

Na Série B: Sete vezes, campeão em 1992 e 2000.

O tricampeão estadual Ceará é outra força para esta Série B. Isso porque conhece a competição como ninguém – o que é um paradoxo – sendo o time que mais disputou a Segundona. Reinando absoluto no Estado, quer voltar a elite que deixou em 2011, apostando no novo Castelão, nos conhecidos Fernando Henrique e Mota e no estilo gaúcho do técnico Leandro Campos.

Na Série B: 24 vezes, nenhum título.

O Figueirense é mais um exemplo de clube que pode chegar pela estrutura muito mais do que pelo que apresentou até aqui em 2013, tal qual o Sport. Apesar de ser o terceiro colocado no geral, novamente decepcionou após campanha boa na fase classificatória, eliminado pela Chapecoense. Manteve o técnico Adilson Batista, o que é sinal de estabilidade, e conta com a força da torcida no Scarpelli para fazer a diferença em Florianópolis.

Na Série B: Oito vezes, nenhum título.

O Atlético-GO viveu uma crise política por conta de denúncias de corrupção e até mesmo de envolvimento de um dos seus dirigentes no assassinato de um cronista esportivo em Goiânia. Entretanto, em campo, o time parece ter sentido pouco: ficou com o vice-campeonato estadual e eliminou dois adversários na Copa do Brasil sem precisar da partida de volta. Waldemar Lemos, o irmão do Osvaldo, é o técnico.

Na Série B: Nove vezes, nenhum título.

A volta do Paysandu à Série B já seria motivo suficiente para grande festa em Belém. Mas, apesar do título do Paraense, a eliminação na Copa do Brasil para o Naviraiense deixou todos com a pulga atrás da orelha. Ainda assim, trata-se do Papão, bicampeão da Série B, que obrigará adversários a uma longa viagem para cair no caldeirão do Mangueirão.

Na Série B: 12 vezes, campeão em 1991 e 2001.

Podem chegar:

Avaí, América-MG e Joinville.

O Avaí corre por fora na disputa. Está abaixo do rival Figueirense, mas aposta no técnico Ricardinho e em medalhões como o ídolo Marquinhos e Cléber Santana para ser competitivo. Tem também um alçapão, a Ressacada, onde não costuma perder.

Na Série B: 16 vezes, nenhum título.

A esperança do América-MG é a renovação do elenco. O clube deu vexame no Mineiro, sendo apenas o 8º colocado. Até mesmo o Independência, casa do Coelho, já está mais com a cara do Galo que dele próprio. O sopro de esperança veio na ótima atuação contra o Avaí na Copa do Brasil e nos reforços do interior paulista. Não dá pra desprezar o Coelho.

Na Série B: 19 vezes, campeão em 1997.

A Arena Joinville é a grande arma do JEC para tentar o acesso. Mas existem outros trunfos, como um clube organizado, com salários em dia, e o eterno Lima, o “Limatador”, artilheiro do Tricolor catarinense. Em 2012, na volta à Série B, beliscou um sexto lugar; neste ano corre por fora para fazer melhor.

Na Série B: 16 vezes, nenhum título.

Figurantes:

Chapecoense, ABC, América-RN, Bragantino e ASA

Os figurantes tem todos o mesmo nível técnico e perfil: equipes que devem complicar em casa e oferecer pouca resistência fora. A Chapecoense chega com o status de vice-campeã catarinense, perdendo o título para o Criciúma, da Série A, em duelo apertado. O ABC, que não chegou nem nas semifinais do Potiguar, surpreendeu ao tirar o Sport da Copa do Brasil. Conta com o Frasqueirão como arma, luxo que o rival América-RN não tem. O Mecão terá que jogar em Ceará-Mirim, região metropolitana de Natal, num estádio novo, porém acanhado e ainda em obras, e reverter o impacto da perda do título estadual para o Potiguar de Mossoró. O Bragantino, 11º no Paulistão, carrega consigo a força do interior paulista, sempre rico e competitivo, perfil parecido com o do ASA, que, eliminado na semi do Alagoano, mantém como trunfos o desgaste da viagem até Arapiraca e o dinheiro das plantações de fumo. Entretanto, quem estiver na lista acima desta e perder pontos para os figurantes, fica cada vez mais longe da elite.

Rebaixáveis:

São Caetano, Guaratinguetá, Oeste, Icasa e Boa Esporte.

Se a Série A não tem moleza, o mesmo não pode se dizer da Série B. Os cinco times listados aqui deixarão nos adversários a obrigação de vencê-los em casa e de ao menos buscar um empate fora. Ainda assim, há que se ter cuidado com os paulistas. O São Caetano, rebaixado no Paulistão, pode surpreender se resolver seus problemas financeiros. Em 2012 só não subiu nos critérios, com a mesma pontuação do Vitória. O Oeste escapou da degola na última rodada do Paulistão, mesmo perdendo por 0-4 para o São Bernardo, em casa. O Guaratinguetá foi o 5º colocado na Série A2 Paulista, não subindo para a primeira divisão estadual. O Boa Esporte tem tudo para ser a baba da competição. Escapou do rebaixamento no Mineiro sendo o 10º em 12 equipes. O Icasa pode ser o mais surpreendente dos rebaixáveis. Foi 4º colocado no Cearense e aposta nos jogos em casa para escapar. De todos o desta lista, é o único que tem o fator casa. Os demais têm pouco ou nenhum apelo popular.

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Fracassocracia

Cartolas de futebol em federações estaduais não são conhecidos exatamente por sua genialidade e competência. Mas o Campeonato Pernambucano de 2013 se superou.

Não bastasse a primeira fase com nove clubes que foi na verdade um grande torneio amistoso – em especial para o Náutico, que venceu a fase que premiava o campeão com uma vaga na Copa do Brasil 2014, mas já tem a vaga pelo ranking nacional – as semifinais escancararam duas falhas grotescas, que premiam a incompetência.

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A primeira delas é por conta de uma interpretação literal do texto do artigo da Fase Final, parágrafo 4o, 2o asterisco. Lá, ipsis literis, está: “Caso uma associação/equipe seja o 4o colocado ao termino do Campeonato (…) e essa associação/clube estiver participando de uma competição nacional de divisão superior à Série D, essa vaga passará para a associação/clube 5o. colocado e assim sucessivamente”. Por isso, caso o Ypiranga chegasse à decisão, sendo vice-campeão, veria a vaga da Série D ir para o 5o colocado, já que estaria eliminando o Sport, que está na Série B. Precisando perder os dois jogos para assegurar calendário nacional, o Ypiranga fez “bem” sua parte na primeira partida, em casa, ao perder por 1-5.

A segunda é mais corriqueira, mas nem por isso menos inusitada: caso o Náutico devolva o placar exato de 1-0 no jogo de volta com o Santa Cruz, a decisão para quem irá a final será pelo número de cartões levados por cada time e, em último caso, sorteio. Enquanto a final prevê terceiro jogo – sem contar o saldo de gols – a semi não prevê nem pênaltis ou partida extra para o desempate.

Em tempo: vice-campeão da primeira fase, o Central de Caruaru pode tentar pleitear a vaga do Náutico na Copa do Brasil, já assegurada também mesmo com um eventual terceiro lugar no campeonato. E o próprio Ypiranga pode fazê-lo, pois será no mínimo 4o colocado.

Tudo muito confuso, com clubes chiando para todos os lados. Mas há um detalhe: todos assinaram o regulamento.

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