Já está entrando no folclore do futebol o ano de 2012: a novela “Atlético e um estádio para jogar” está se prolongando mais do que se esperava (ou devia, ao menos), mas o primeiro capítulo (o jogo contra o Londrina) irá se encerrar sem falta na quinta-feira. Então entenda o que ainda pode acontecer nas opções possíveis de momento:
A) Vila Capanema:
A Vila foi oferecida pelo Paraná Clube como refúgio para o Atlético (clique para ler) após o não do Coritiba e Mário Celso Petraglia foi até a sede Kennedy para negociar com o presidente tricolor Rubens Bohlen para acertar os ponteiros, mas isso pode não ocorrer. Segundo Paulo César Silva, dirigente paranista que esteve na reunião, a distância entre a oferta atleticana e o pedido paranista, nas palavras dele, “é grande.”
PC Silva confirmou que Petraglia ofereceu R$ 30 mil por jogo, fora as despesas, o que foi considerado baixo pela diretoria do Paraná, que prometeu uma contra-resposta ainda nessa terça. O valor que circula na imprensa, trazido pela Rádio Banda B, é de R$ 100 mil por jogo. PC Silva negou que Petraglia tenha oferecido jogadores como parte do pagamento ao Paraná. Segundo ele, “Nós ainda nem temos treinador, que possa avaliar os nomes. E o Atlético ainda está escolhendo quem sai e quem fica. Para agora, não tem nada, não sei de onde saiu. Só falamos em dinheiro para o aluguel.” O Atlético, por sua vez, não fez nenhuma manifestação sobre a proposta pela Vila e, aparentemente, segue no aguardo.
Além disso, a Vila Capanema tem dois outros problemas a serem sanados até domingo: a instalação de câmeras de seguranças em dois locais do estádio – portões de acesso e bilheterias – e a inspeção da Vigilância Sanitária e Ministério Público, para fechar os laudos técnicos faltantes. Não bastasse isso, o Sul-Americano de Futebol Feminino S-20, competição da Conmebol, tem dois jogos marcados para a Vila no domingo, 22 (confira a tabela aqui). O último, às 18h10, entre Bolívia x Peru; Atlético x Londrina está marcado para 19h30 no mesmo dia, no caso, durante a realização do 2 tempo do jogo feminino.
Detalhe: como os jogos do feminino não têm cobrança de ingresso (a entrada é 1kg de alimento), não estão submetidos ao estatuto do torcedor e por isso a Vila está liberada.
Portanto, um grande nó a se desatar naquele que seria o “plano B” da FPF quanto ao problema, mas tornou-se o “A” com a recusa e o recurso do Coritiba. Que ainda pode render.
B) Couto Pereira
Embora já seja praticamente senso comum que o Coritiba não irá ceder o Couto ao Atlético, a questão não está resolvida. O que o Coxa possui é uma liminar, dada pelo presidente do TJD-PR, Peterson Morosko, enquanto não se julga o mérito do pedido.
A FPF entende que o artigo 46 do estatuto (que é aceito por cada filiado) abre o precedente necessário para que a entidade solicite o Couto quando bem entender; o Coritiba entende que o artigo deve ser aplicado somente em casos extraordinários, como desastres naturais que danifiquem a outra praça, requisição da emissora de TV que transmita o campeonato ou, o mais comum, jogos de seleção. Enquanto não se julga o mérito, o Coxa conseguiu a liminar que o desobriga a cumprir a norma estatutária.
A FPF prometeu interpor sua defesa, uma vez que a ação do Coritiba que rendeu a liminar fez o TJD-PR intimar a federação, até amanhã, 19h30 – prazo limite. Aí, dois caminhos são possíveis:
O TJD pode cassar a própria liminar, ao ler a defesa da FPF, e o Coritiba volta a estar sujeito a emprestar o estádio, ao menos para o primeiro jogo. O Coxa já disse que não vai à Justiça Comum, mas que vai levar o recurso até o STJD, se necessário. No entanto, sem a liminar, a FPF pode marcar e homologar a partida entre Atlético x Londrina para domingo, no Couto, obedecendo o Estatuto do Torcedor, que obriga a definição até 72h antes da realização da partida.
Se Atlético e Paraná se acertarem, o Couto ainda pode ficar fora da questão definitivamente, ao menos para o Campeonato Paranaense. Um acordo formalizado e citado nos autos pode dar a questão mérito encerrado, perdendo a razão de ser do julgamento. Afinal, o Atlético já teria onde jogar e não precisaria da FPF para isso.
Outra hipótese é o TJD manter a liminar e marcar o julgamento do mérito. Mas, mesmo em caráter de urgência, se a FPF não protocolar o recurso ainda nesta terça, o julgamento só será realizado na próxima semana. Assim, o Coritiba ganharia tempo e o jogo entre Atlético x Londrina não poderá ser marcado para o Couto Pereira.
E aí entra o plano C.
Update: A FPF não interpôs defesa ao recurso do Coritiba nesta terça, o que praticamente inviabiliza a realização de julgamento nesta semana. Amanhã é o prazo final.
C) Inversão de mando
Ou adiamento da partida. Se o Atlético não se acertar com o Paraná e o TJD-PR não derrubar a liminar do Coritiba, a FPF já trabalha com as duas hipóteses. O adiamento é, em tese, mais simples, mas ao mesmo tempo mais desmoralizante para o campeonato. Empurraria o problema para frente e em algumas rodadas, o Atlético ainda poderá estar sem ter onde mandar jogos.
A inversão de mando soluciona o problema de forma mais imediata, mas para isso seria necessário que Atlético e Londrina entrassem em acordo e aceitassem que o Tubarão mandasse a partida no Estádio do Café, com o Rubro-Negro tornando-se mandante no jogo de volta, programado para Londrina.
“Só vou pensar nisso amanhã, se não chegarem a acordo ou a liminar prevalecer. É um baita nó”, me disse Amilton Stival, vice-presidente da FPF.