Qual o segredo do futebol de Minas?

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Uma Libertadores, um Brasileirão (em breve talvez dois) e uma final de Copa do Brasil no período de dois anos e o Brasil inteiro se pergunta: qual o segredo do futebol mineiro, atual dono dos melhores resultados no País?

Atlético-MG e Cruzeiro não são exatamente modelos de sucesso administrativo. De acordo com o balanço de 2013, último publicado, ambos somam 638 milhões em dívidas – 438 do Galo com 200 da Raposa. O Alvinegro é o quarto time mais endividado do País, enquanto que os Celestes ocupam a 11a colocação no ranking negativo. A dívida cruzeirense é facilmente administrável quando olhamos as receitas de 2013, quando o clube arrecadou 188 milhões, entre patrocínios, prêmios, vendas de jogadores, televisão e bilheteria, entre outros. Já os atleticanos de Minas Gerais não têm a mesma tranquilidade que o rival. As receitas em 2013 foram de 228 milhões, praticamente metade do que foi gasto. Ainda assim, com uma desproporção entre receitas e despesas, com patrocínios menores que os de Rio e São Paulo, como os mineiros dominam pelo segundo ano seguido o futebol nacional?

A resposta é: investimento no futebol em si.

Se a gestão administrativa deixa a desejar no balanço financeiro, Cruzeiro e Atlético-MG seguem o rumo daquilo que se propõem desde que foram criados. Ao invés de superávit, títulos. Uma receita adotada pelo primeiro Real Madrid Galático de Florentino Perez, com Zidane, Ronaldo e Beckham, em menor proporção. Então decadente, o Madrid optou por gastar mais e fazer a roda girar em outro sentido. Com craques e títulos, aumentou sua arrecadação e voltou a ser referência no cenário mundial. Não sem antes vender um patrimônio gigante, a antiga Ciudad Deportiva, o CT que rendeu 480 milhões de Euros à equipe espanhola.

Em Minas não é muito diferente quanto ao patrimônio. Cruzeiro e Atlético-MG não precisaram gastar um centavo sequer para modernizar os dois principais estádios de Belo Horizonte. O Mineirão e o Independência ganharam cara nova com parcerias público-privadas, como a Minas Arena. Diferente de adversários como Corinthians, Inter e Atlético Paranaense, os mineiros não têm dívidas recentes com infraestrutura. Enquanto o trio citado tem que dividir suas receitas com as obras, Galo e Raposa tiveram que buscar apenas melhores acordos com os arrendatários das arenas – o América Mineiro é o gestor do Independência, que pertence à Prefeitura de BH. Antes, porém, a dupla mineira já havia construído seus CTs, Cidade do Galo e Toca da Raposa, ambos considerados dois dos 4 mais bem estruturados do País. O Cruzeiro se dá ao luxo de ter um CT apenas para a base, a Toca I, com os profissionais treinando na moderna Toca II.

O salto foi dado após o susto que a dupla sofreu em 2011. Atlético-MG e Cruzeiro acabaram nas 15a e 16a posições respectivamente, as duas logo acima da zona de rebaixamento. O jogo que livrou a Raposa do rebaixamento foi justamente o clássico mineiro, previsto então para a última rodada. Com uma acachapante goleada dor 6 a 1, o Cruzeiro se livrou da queda junto com o Galo, que havia escapado um pouco antes. A partida, porém, foi colocada sob suspeita por muita gente em Minas Gerais, chegando até a ser formulada uma denúncia no Ministério Público Mineiro, arquivada posteriormente. Ambos tinham o mesmo fundo gestor, o Banco BMG, contando com 12 jogadores nas duas equipes. A recuperação atleticana, que ocorreu antes, foi caracterizada por uma defesa intransponível no segundo turno, que acabou sofrendo a maior goleada do campeonato naquele jogo. Após o final do ano o BMG se retirou do mercado de investimento direto no futebol e a CBF acabou com os clássicos na última rodada do Brasileirão.

Longe da Série B, Galo e Raposa investiram pesado nos elencos. O Atlético-MG saltou de R$ 30 para R$ 180 milhões de investimento em futebol de 2012 para 2013. A vinda de Ronaldinho foi o principal deles. O craque ex-Barcelona deixou o Flamengo em baixa e rendeu para o clube a histórica Libertadores de 2013, após o vice-campeonato brasileiro em 2012. A imprudência foi recompensada pela taça e pelo pequeno aumento da dívida, de apenas 6% entre as temporadas. Alexandre Kalil, presidente do Galo, é um dos principais artífices dos clubes em prol de um programa de refinanciamento – talvez anistia – das dívidas dos clubes junto ao governo. O clube sofreu para receber os R$ 37 milhões da venda de Bernard para o Shahktar Donetsk da Ucrãnia. Só o fez quando deixou R$ 25 milhões nos cofres da União e diminuiu a dívida. O elenco do Galo perdeu Ronaldinho, mas manteve ídolos como o goleiro Victor e o atacante Diego Tardelli.

O Cruzeiro começou a recuperação mais timidamente que o rival, mas para 2014, após o título do Brasileirão, abriu de vez os cofres. A montagem do elenco que pode ser coroado com o bicampeonato brasileiro e a Copa do Brasil começou com 70 milhões em 2012 para 160 milhões nesta temporada, chegando a mais de 80% das receitas do clube. Os Celestes foram buscar gente como o zagueiro Manoel e os meias Marlone e Marquinhos, revelações de Atlético-PR, Vasco e Vitória. Se dão ao luxo de manter Julio Baptista e Dagoberto no banco, jogadores que seriam titulares na maioria dos demais clubes da Série A. E, principalmente, acreditaram no trabalho do técnico Marcelo Oliveira, já há duas temporadas completas à frente da Raposa.

O BMG segue estampando as camisas da dupla, mas os R$ 12 milhões por ano pagos a cada um são menos que a metade dos R$ 31 milhões que o Corinthians recebe da Caixa e menos ainda que os R$ 60 milhões investidos pela Unimed na parceria com o Fluminense. Mesmo com a receita inferior, mas dedicando quase todo o fluxo ao futebol e contando com escolhas acertadas e um pouco de sorte – afinal o futebol é um jogo e São Victor está aí para confirmar aos atleticanos a tese – Galo e Cruzeiro vão dominando o cenário nacional na contramão da austeridade financeira pregada pelos especialistas. Se o poço tem fundo ainda não se sabe, mas o torcedor e o museu dos clubes não estão reclamando da constante chegada de taças à Belo Horizonte.

Minas Gerais contra a Alemanha

Mais que uma convocação geral para o jogo desta terça-feira, quando a Seleção Brasileira vai precisar e muito da força das arquibancadas, o torcedor mineiro irá ver em campo um de seus maiores algozes: o futebol alemão.

Pode ser algum laço espiritual, um resquício inexplicado do Pangeia ou apenas o que é mais óbvio, uma grande coincidência. Mas os principais momentos do futebol mineiro foram contra alemães. E mesmo quando o encontro não ocorreu, foi a Alemanha quem comemorou.

Essa história começa em 1976. A Alemanha havia sido campeã do Mundo em 74 e o Bayern de Munique era a equipe mais vitoriosa da Europa. Tricampeão da Champions League, o Bayern iria encarar o Cruzeiro na decisão intercontinetal. 

Cruzeiro x Bayern: alemães no caminho dos mineiros

O time de Raul Plassmann, Nelinho, Piazza, Jairzinho e Palhinha venceu a Copa Libertadores e teria uma chance que o aargentino Independiente não tivera, de desbancar o time alemão. No ano anterior, o Bayern de Backenbauer, Sepp Maier, Rummennigge e Gerd Muller não quis disputar o torneio. Após vencer por 2 a 0 em Munique, o Bayern foi ao Mineirão, palco de Brasil e Alemanha neste 2014. E segurou um 0 a 0 para comemorar o título Mundial.

Levou tempo até que uma equipe mineira ganhasse nova chance de consagração mundial. Mas ela veio, em 1997, após uma campanha irrepreensível do mesmo Cruzeiro na Libertadores. Quis o destino, no entanto, que novamente o obstáculo final de um time de Minas para o título do Mundo fosse um alemão. Desta feita, o Borussia Dortmund. O time amarelo não tinha nenhum grande destaque. O principal nome era o suiço Chapuisat, além do volante brasileiro Julio César. O Cruzeiro venceu a Libertadores e chegaria até com um certo favoritismo, não fosse um erro histórico. No hiato entre uma decisão e outra, a diretoria celeste achou por bem reforçar a equipe apenas para a decisão do Mundial, agora disputada em jogo único no Japão. Chegaram o lateral-direito Alberto (que não jogou) e o zagueiro Gonçalves e o atacante Bebeto, que atuaram. O grupo titular, claro, não gostou. O time não rendeu e a derrota por 0 a 2 sepultou as chances mundiais da Raposa mais uma vez.

Em 2013 o Atlético Mineiro surpreendeu a todos e, no sufoco, ergueu seu troféu da Libertadores. Uma campanha memorável, marcada pelos jogos no Horto – o estádio Independência – e pelas defesas milagrosas de Victor, hoje goleiro reserva da Seleção. O time de Ronaldinho e Jô passou a pensar no Mundial de Clubes, já em novo formato, referendado pela Fifa e com mais jogos que na época do Cruzeiro.

E quis o destino mais uma vez que outro alemão estivesse no caminho mineiro. O Bayern de Munique, de Schweinsteiger, Toni Kroos, Thomas Muller e muitos outros que estarão em campo nesta terça, ergueu a Champions League e também iria ao Mundial. Novamente Minas Gerais iria jogar seu sonho Mundial contra a Alemanha – e contra um time que é a base da atual seleção alemã. Curiosamente, o Galo é o time brasileiro que mais empresta jogadores ao atual Brasil. Apenas dois dos 23, mas o que equivale a metade dos jogadores que atuam no futebol nacional.

O encontro contra o Bayern, porém, não aconteceu. O Atlético-MG acabou surpreendido pelo marroquinho Raja Casablanca nas semifinais do Mundial. Uma surpresa que impediu a revanche mineira, pelo menos até esta terça, quando a camisa amarelinha estará desfilando no Mineirão justamente contra os algozes dos sonhos mineiros.

Será que chegou a hora de Minas Gerais? 

 

Livro conta os 20 jogos mais importantes da história do Cruzeiro

Os 20 maiores jogos da Raposa, por um timaço de cronistas

“O Brasil acordou cinzento em 7 de dezembro de 1966. A publicação do Ato Institucional nº 4, pelo governo do marechal Castelo Branco, convocando o Congresso Nacional a votar a nova Constituição, gerou receio na sociedade. A chamada Revolução cada vez mais ganhava cara de ditadura. Poder Legislativo reduzido em suas atribuições, imprensa controlada, direitos fundamentais individuais feridos. O governo militar mostrava, enfim, as reais intenções à frente do país. Inibir o avanço do comunismo não passava de discurso de fachada. A cada Ato Institucional publicado, o verdadeiro interesse do novo regime reluzia: instalar uma ditadura à direita.

Mas o dia que nasceu para abrigar outro capítulo sombrio da política brasileira também nasceu para o futebol. E dos bons. Pelé, Tostão, Toninho, Dirceu Lopes e cia. estariam em campo. Santos e Cruzeiro, sete dias depois do primeiro jogo da decisão da Taça Brasil, quando a Raposa venceu por 6 a 2, voltariam a se encontrar, dessa vez no Pacaembu. Vitória celeste ou empate garantiria o título inédito para Minas Gerais. Caso o Santos vencesse, por qualquer placar, um terceiro jogo seria disputado, em local a ser definido. A tirar pela declaração do presidente Athiê Jorge Cury, ainda no vestiário do Mineirão, após a humilhante derrota, a confiança santista na realização da partida de desempate era plena. “Em São Paulo, nossa vingança será terrível”, disse na oportunidade.”

Esse é um trecho da história contada logo no começo do livro, sobre o jogo Cruzeiro 3-2 Santos em 1966, que significaria o primeiro título nacional da Raposa. Com edição de Anderson Olivieri e um time de nove notáveis cruzeirenses, como os músicos Henrique Portugal e Samuel Rosa, do Skank, e o jornalista Cláudio Arreguy. A obra é parta da coleção “Memória de Torcedor”, da Maquinária Editora, que conta já com os 20 Jogos Eternos de São Paulo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras. 

Além do memorável 3-2 no Santos em 1966, os escritores escolheram outros 19 jogos: Cruzeiro 6 x 2 Santos, o primeiro jogo da final de 1966; o 5-4 no Internacional em 1976; a goleada de 7 a 1 sobre o Alianza Lima, do Peru, na campanha da Libertadores de 1976; no mesmo ano, os jogos contra o River Plate, vencidos por 4-1 e  3-2 River Plate; o duelo com o River Plate de 1991, com o placar de 3-0; de 1992, um 4-0 sobre o Racing; duelos nacionais como Cruzeiro 2 x 1 Grêmio (1993) e Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras (1996); um confronto estadual em 1997, Cruzeiro 1 x 0 Villa Nova; no mesmo ano, a final da Libertadores: Cruzeiro 1 x 0 Sporting Cristal (1997); a decisão da Copa do Brasil 2000, Cruzeiro 2 x 1 São Paulo e a da Copa do Brasil 2003, Cruzeiro 3 x 1 Flamengo; na campanha do Brasileirão 2003, as vitórias sobre Santos (3-0) e Paysandu (2-1);as duas goleadas nas finais dos Mineiros de 2008 e 2009 por 5-0 sobre o eterno rival Atlético Mineiro; o 5 a 0 no Estudiantes em 2011 e, no mesmo ano, o polêmico 6 a 1 no Galo.

O prefácio de Paulo Vinícius Coelho e contracapa de Alex, meia do Coritiba que marcou época em Minas Gerais:

 

Além dos textos, o livro tem um caderno colorido com fotos de times eternos do Cruzeiro, caricaturas de ídolos – como a que está acima – e infográficos com gols épicos marcados nos jogos eternos eleitos para a obra.

O cruzeirense ou o apaixonado pela história do futebol podem conseguir o livro nesse link, em contato com o próprio Olivieri.

 

Por que o Cruzeiro 2013 não recebe a mesma badalação do time de 2003

Discreto, Marcelo Oliveira não é tão badalado em Rio e SP

Os números são tão impressionantes quanto há 10 anos. O aproveitamento é de 72,5% – até a rodada do título, 34a – contra 72,4% em 2003; o ataque não chegou aos 102 gols, mas tem média parecida: 2,11 por jogo, com 72 nos atuais 34 jogos, contra 2,21 nos 46 jogos de 2003. O Cruzeiro atual também tem a melhor média de público, como há 10 anos e conseguiu o título com 4 rodadas de antecedência, contra 3 rodadas em 2003. A torcida celeste não tem do que reclamar. A não ser um certo desdém da mídia em não badalar o time de Marcelo Oliveira como fazia com o de Vanderlei Luxemburgo.

E tem razão nisso.

O Cruzeiro de 2003 tinha apenas uma coisa que esse não tem: personagens consagrados no principal eixo econômico do País. Alex foi ídolo do Palmeiras, campeão da Libertadores; Deivid brilhou no Corinthians e no Santos antes da Raposa; Zinho foi ídolo do Flamengo, Aristizábal marcou época no São Paulo e Vanderlei Luxemburgo é o técnico mais midiático do Brasil em todos os tempos – além, por óbvio, de multicampeão. O Cruzeiro de 2003 tinha o carinho e o respeito do centro do País e isso pesa na hora de avaliar a equipe. Aquele campeonato ainda contava com o Santos de Robinho na cola, coisa que o atual não teve. Sobrou contra Atlético Paranaense, Grêmio, Goiás e Botafogo, seus perseguidores mais próximos. Todos, exceção ao Fogão, clubes de outros centros.

O time celeste de 2013 foi montado discretamente. Seus principais nomes, Dagoberto e Julio Baptista, não foram titulares o tempo todo. A exceção é Dedé, zagueiro que trocou o Vasco pela Toca e, apesar de ser campeão brasileiro, paradoxalmente perdeu a vaga na Seleção. Fábio passou pelo Rio, no Vasco* sem marcar época e os grandes destaques da campanha, como Everton Ribeiro e Nilton, Egídio e Ricardo Goulart, acabaram preteridos em seus clubes de origem (Corinthians, Flamengo e Internacional). Personagens como Leandro Guerreiro e Luan fecham o mosaico de “párias” chefiado por Marcelo Oliveira, um técnico discreto, avesso à badalação e calmo nas entrevistas. Oliveira que tinha até então como maior feito a chegada à duas finais de Copas do Brasil seguidas com o Coritiba.

Questiona-se a qualidade técnica do campeonato, como se fosse o mais fraco dos últimos tempos, na contramão do fato do campeonato contar com os campeões do Mundo (Corinthians) e da Libertadores (Atlético-MG). De ter trazido personagens como Seedorf, Pato, Alex, Juninho, Forlán e outros. De ser o primeiro campeonato das novas Arenas para a Copa.

Debate-se o regulamento, como se os pontos corridos não fossem emocionantes, o que acaba indiretamente depreciando a campanha celeste. Curiosamente, muitas vezes são as mesmas vozes que pedem organização e moralidade no futebol brasileiro. E o Cruzeiro, com sua estrutura fantástica, salários em dia e sem entrar em salários exorbitantes, levantou a taça. Seguido pelo Atlético Paranaense, que tem perfil parecido, por Botafogo e Goiás, que mantiveram técnicos e acreditaram em projetos e pela exceção à essa regra, o Grêmio, de alto investimento e trocas de técnicos.

A falta de badalação ao Cruzeiro 2013 de fato em nada diminui a festa celeste. Foi um título bem à mineira, discreto mas muito eficiente. Se não querem badalar a Raposa, não badalem; o Cruzeiro não carece.

*Obrigado aos atentos leitores que relembraram a passagem de Fábio pela Colina. Fabio foi revelado no União Bandeirante-PR.

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Libertadores para todos: quem está na fila?

Galo campeão da Libertadores: quem quiser que pegue a senha

A piadinha recorrente entre os rivais era de que o Governo acertou em cheio ao lançar o programa “Libertadores para todos”, uma gozação com a longa espera de Corinthians e Atlético Mineiro em conquistar o título que os rivais já tinham. Campeão, o Galo já pensa no Mundial e desafia os interessados a tentarem no ano que vem. Dos 16 maiores clubes do Brasil, 10 já têm a cobiçada glória. Quem, portanto, estraria no “LPT” fictício? 

O Fluminense abre a lista de espera. Vice-campeão em 2008, quando perdeu para a LDU do Equador, o Flu é o atual campeão brasileiro e tem feito boas campanhas nos últimos anos. Namora com a taça – tem seis participações e foi sétimo neste ano – mas começou mal o Brasileirão 2013 e terá de suar para chegar à Libertadores por essa via. Por outro lado, está na Copa do Brasil – outrora o caminho mais curto.

Outro vice-campeão continental que está na fila é o Atlético Paranaense. Depois de perder a final de 2005 para o São Paulo, não repetiu as boas atuações e até amargou uma Série B em 2011. Teve três participações no torneio continental – a última, no mesmo 2005 – e neste ano está mal no Brasileirão. O Furacão, a exemplo do Flu, também tem a Copa do Brasil como atalho para a glória.

Terceiro colocado no distante ano de 1963, o Botafogo é mais um dos grandes na lista de espera. Disputou a Libertadores em três ocasiões, sendo a última em 1996. Está na briga pelo Brasileirão 2013 e também está na Copa do Brasil.

Quinto colocado em 1989, o Bahia é outro que aguarda sua senha no painel. Participou três vezes da competição, sendo a última exatamente no ano de sua melhor campanha. No Brasileirão, está no meio da tabela, mas terá um atalho diferente para voltar à Libertadores: a Copa Sulamericana. Quem sabe um título continental seguido do outro?

O Coritiba é outro campeão brasileiro à espera da taça continental. Sétimo colocado em 1986, quando disputou a competição como campeão brasileiro, participou também em 2004 e não mais voltou. Briga na parte de cima da tabela no Brasileirão 2013 e pode tentar a volta também via Copa Sulamericana.

A lista dos grandes ainda sem Taça Libertadores se fecha com o Sport. Foi 11o colocado em 2009, quando disputou pela segunda e última vez a competição. Está na Série B nesta temporada, mas, curiosamente, pode disputar a Libertadores 2014: para tanto, precisa ganhar a Copa Sulamericana, competição na qual está por conta dos novos critérios da CBF.

  • Jejum e repeteco

Se quem ainda não ganhou a competição está sedento, a vontade dos que já faturaram em repetir não é menor. Dos 10 clubes brasileiros campeões da Libertadores, o maior jejum é o do Flamengo, campeão pela única vez em 1981. O Grêmio, bicampeão em 1995, já podia ter saído da fila, mas perdeu a decisão de 2007 para o Boca Jrs. Curiosamente, na sequência do jejum, está outro bicampeão que perdeu final recentemente: o Cruzeiro, que levou em 1997 mas perdeu para o Estudiantes em 2009.

Campeão em 1998, o Vasco aumenta a fila dos jejuantes, seguido do Palmeiras, que poderia ter levado o bi entre 1999 e 2000, mas perdeu a segunda final. Um pouco menos impacientes estão os torcedores do São Paulo, tricampeão em 2005. Assim como os do Internacional, que levou o bicampeonato na primeira das quatro finais seguidas com brasileiros em 2010. Depois de um longo jejum – desde a Era Pelé – o Santos também não tem muito do que reclamar, campeão em 2011. O Corinthians, por sua vez, ainda está em lua de mel com a torcida pelo belo ano de 2012. E o do Atlético-MG… esse então, acha tudo isso aqui uma grande festa!

  • Menções honrosas

Dois clubes brasileiros não se encaixam no perfil acima, mas merecem menção pelas ótimas participações em Libertadores. Vice-campeão em 2002, o São Caetano não conseguiu se fixar entre os clubes mais fortes do Brasil, mas fez belas campanhas no início dos anos 2000, incluindo dois vices no Brasileirão e três participações na competição continental. Hoje patina na Série B.

Outro que tem história para contar na Libertadores é o Guarani. O Bugre foi terceiro colocado em 1979 e também jogou por três vezes a Libertadores, sendo a última em 1988. Atualmente disputa a Série C do Brasileirão.

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Intertemporada do Cruzeiro é impulso para liga de Pelé nos EUA

Marcos Senna com a camisa do Cosmos: liga de Pelé quer recuperar espaço

O Cruzeiro fará três amistosos nos EUA durante a Copa das Confederações. Os treinamentos acontecerão no Complexo ESPN Wide World of Sports, dentro do Walt Disney World Resort, em Orlando, na Flórida. A Raposa fará um jogo-treino contra o Fluminense e dois jogos com uniformes: contra Fort Lauderdale Strikers-EUA e Monarcas Morelia-MEX. Para o Cruzeiro, uma chance de melhorar entrosamento para a sequencia do Brasileirão; para o Lauderdale, uma oportunidade de resgatar um espaço ocupado pelos clubes da MLS.

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Fenômeno Alex internacionaliza o Coritiba

Barcelona, campeão… estadual!

O Fort Lauderdale é um clube da NASL, a National American Soccer League. A “Liga do Pelé”, por assim dizer, nos EUA. O Rei do Futebol encerrou a carreira no NY Cosmos, clube que ficou inativo desde 1984. Fundada em 1971, é a equipe mais conhecida do futebol nos Estados Unidos – incluindo os times da MLS, a Major League Soccer – e voltou ao cenário em 2011. Participa da NASL nesta temporada.

A NASL foi, durante muito tempo, a liga oficial do futebol norte-americano. Entre 1968 e 1984, 67 equipes disputaram esse campeonato, sendo que o Tampa Bay Rowdies foi o maior campeão, com 3 títulos (e 2 vices). O Cosmos de Pelé e Beckenbauer, entre outros, nunca passou de um vice-campeonato. O torneio foi extinto em 1985, ano em que não foi realizado. Em 1990, a Fifa anunciou que os EUA receberiam a Copa do Mundo de 1994. Já eram cinco anos sem futebol profissional com uma liga forte no país. Dois anos depois, em 1996, surgiu a MLS, com clubes americanos e canadenses.

Alguns empresários, descontentes com a condução da MLS, resolveram, em 2010, fundar a USSF, uma espécie de 2a divisão do futebol nos EUA. A competição reuniu 12 equipes de EUA, Canadá e Porto Rico, de onde saiu o campeão, o Puerto Rico Islanders. No entanto não houve acordo para acesso e descenso com a MLS, que cobra um valor para que uma franquia entre no seu campeonato, assim como na NFL e NBA, as ligas de futebol americano e basquete. Então houve o rompimento e os clubes da USSF extinguiram o campeonato para resgatar a NASL.

Usando-se da marca de Pelé, do francês Eric Cantoná e do americano Coby Jones, os clubes da NASL reativaram a liga com um formato mais habitual do público latino – principal consumidor do futebol nos EUA – um torneio “Spring” (primavera) e outro “Fall” (outono), como os Apertura e Clausura da Liga Mexicana. O Cosmos, que trouxe Marcos Senna, entre eles. Para o Fort Lauderdale Strikers, fundado em 2006, é a oportunidade de desbravar mercado.

O clube chamou-se Miami FC por um tempo e chegou a contratar Romário, que, lesionado, acabou não jogando nenhuma partida nos EUA. É administrado pela Traffic, que ainda tem jogadores no Estoril, de Portugal, e no paulista Desportivo Brasil. A partida contra o Cruzeiro está sendo promovida na TV nos EUA com o vídeo abaixo, em versões em inglês e português:

*Colaborou o jornalista Vinícius Dias

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O futebol mineiro em fotos

Colaborou Vinícius Dias

Belo Horizonte sedia a Mostra de Fotojornalismo Esportivo a partir da próxima quinta-feira, 16 de maio. O evento, intitulado “Futebol em Imagens”, exibirá cerca de 60 fotos, algumas inéditas, capturadas por lentes de 30 profissionais do estado. “A exposição mostra o poder de comunicação da fotografia”, sintetiza Eugênio Sávio, curador do projeto com apoio da Oi Futuro. “Esse conjunto de emoções que envolvem o esporte rende muita imagem. E foi a partir disso que a gente trabalhou”, acrescenta.

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Selecionadas sob o ponto de vista estético, as fotografias trazem à tona valores como as vibrações e expressões no esporte. “Com os recursos, a gente consegue fotografar coisas que são quase invisíveis”, destaca. As imagens evidenciam, ainda, o reencontro entre o futebol e o torcedor da capital. “Essa volta do Independência, do Mineirão foi muito importante, muito celebrada pela mídia, pelas pessoas e registrada pelos fotógrafos”, analisa o professor.

Sua ideia é aproveitar o fato de a capital das Alterosas ser uma das seis cidades-sede da Copa das Confederações, em junho. “O futebol está na cabeça de todo mundo, por conta destes eventos que a gente (de Belo Horizonte) vai receber”, comenta Eugênio. “Então, queria pensar como a fotografia poderia contribuir para preencher os espaços turísticos. Surgiu essa ideia”, conta.

  • Futebol em Imagens

De 16 de maio a 30 de junho – de terça a domingo
Av. Afonso Pena, 4001; Mangabeiras – 11h às 18h

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