Maldito nordeste, de tantos ídolos

Apaixonado por futebol, o brasileiro se viu imerso numa onda política. Imaturos democraticamente, muitos não aceitaram a derrota nas urnas e reagiram como se estivessem num estádio, tal qual o torcedor que canta com ódio do rival, ainda que figurativamente, mesmo que o irmão ou a mãe estejam com outras cores durante os 90 minutos. Infelizmente a fúria de muitos também trouxe à tona muito preconceito.

Parte dos eleitores do “Sul-Maravilha” achou por bem culpar o “bovino” Nordeste pela derrota de um candidato. Evidentemente nem tudo é tão preto no branco assim e várias imagens circulam na Internet para mostrar isso. Mas a vergonha alheia e até mesmo o temor de que o País entre num túnel de xenofobia, do qual dificilmente se escapa sem muita dor, tem de trazer algumas reflexões. E o blog tratou de pensar se muitos dos raivosos de Sul-Sudeste já não vibraram muito com aqueles que hoje querem bem longe.

Não há brasileiro que não seja miscigenado nem clube de futebol que não tenha buscado em algum momento de sua história um craque longe de suas esquinas. É, amigo separatista, você certamente já vibrou muito ou ao menos se orgulhou da história de alguma das figuras que estão enumeradas abaixo, colhidas dos maiores clubes de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, locais onde a eleição escancarou as falhas de caráter de muita gente.

 

Dida, de Alagoas
Dida, de Alagoas

O alagoano Dida marcou época no Corinthians, sendo o primeiro goleiro campeão mundial pelo clube. Também levantou o Brasileirão de 99 e a Copa do Brasil de 2002. Além de Dida, outro nordestino marcante na história do Timão é o baiano Servílio, sexto maior artilheiro da história do clube com 201 gols.

Os torcedores do São Paulo que se exaltaram contra o Nordeste com o resultado da eleição presidencial certamente lembram de Ricardo Rocha, pernambucano bicampeão paulista e líder do time campeão brasileiro em 1991, no time que deu base à super-equipe bicampeã mundial.

Quem gosta do Palmeiras, mas não gosta do Nordeste, tem de tirar de sua lista de ídolos gente como o pernambucano Rivaldo. O Maestro do último grande time palestrino, campeão brasileiro em 1994, é natural do nordeste assim como o bom baiano Oséas, outro ídolo alviverde, que também encantou os atleticanos.

Rivaldo, de Pernambuco
Rivaldo, de Pernambuco

No Santos o Nordeste se faz representar em Clodoaldo, sergipano com mais de 500 jogos pelo Peixe, campeão do Robertão (o Brasileirão da época) de 1968, com cinco títulos paulistas e dois internacionais. As novas gerações viram os nortistas Giovanni e Paulo Henrique Ganso marcar época – ambos de Belém.

Couto Pereira, do Ceará
Couto Pereira, do Ceará

O Coritiba tem poucos jogadores nordestinos marcantes em sua história, mas está inegavelmente ligado para sempre à região. O imponente estádio Major Antônio do Couto Pereira carrega o nome do cearense ex-presidente do clube, que comandou a obra de ampliação do antigo Belfort Duarte.

A diferença para o rival Atlético é que o rubro-negro tem muitos nordestinos em suas fileiras. O já citado Oséas é um nome inesquecível, mas os alagoanos Flávio e Adriano “Gabiru”, campeões brasileiros em 2001 com o maranhense Kléber botaram a desejada estrela dourada na camisa atleticana.

Kléber, do Maranhão
Kléber, do Maranhão

Gabiru também é ídolo do Internacional, campeão do Mundo em 2006. Fez o histórico gol contra o poderoso Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, com passe do cearense Iarley. O Inter, fundado por dois imigrantes paulistas, tem no nordeste a jogada de sua principal conquista.

A imagem abaixo ilustra a história gremista, gravada por gerações após o Grenal decisivo de 1977:

André Catimba, da Bahia
André Catimba, da Bahia

Muito do reconhecimento do Grêmio em ser um clube de raça passa por essa imagem, com o baiano André Catimba voando para a glória. O atual deputado e campeão da Libertadores em 1995 Jardel, natural de Fortaleza, é apenas mais um nordestino a ter brilhado no Sul.

Amigo separatista, fanático por futebol, tente esquecer tudo isso. Tente imaginar a história de seu clube, do seu Estado, sem a ajuda destes valorosos nordestinos. E me responda: uma derrota eleitoral, definida pela maioria da população em todo Brasil, valeu mesmo tantas palavras preconceituosas contra essa gente tão brasileira quanto você?

Alex 1000 jogos: o Top 5

Idolatrado pelos turcos, amado por palmeirenses, cruzeirenses e coxas-brancas, respeitado por todos os outros, Alex completará nesta quarta-feira 1000 jogos como profissional. O adversário será o J. Malucelli, pelo Campeonato Paranaense. Desde que estreou, em 1995, Alex foi protagonista em vários jogos. O blog se propõe a lembrar alguns, num Top 5 dos mais importantes.

#5: 13 de dezembro de 1995, Coritiba 3-0 Atlético, Série B

Com apenas 18 anos, o menino nascido em Colombo realizava seu grande sonho: jogar uma partida decisiva contra o maior rival do seu time do coração. E Alex brilhou. Com o Coxa precisando da vitória para se juntar ao Furacão na elite brasileira em 1996, Alex conduziu o time a um 3 a 0 incontestável. Abriu o placar e deu assistência fundamental para que Pachequinho, então o grande ídolo do clube na época, fechasse a contagem. O Coritiba estava de volta à Série A do Brasil após uma sequência de anos difíceis.

#4: 16 de maio de 2012, Fenerbahçe 4-0 Bursaspor-TUR, Copa da Turquia

O Fenerbahçe não vencia a Copa da Turquia há 29 anos. Alex tratou de acabar com essa escrita em um jogo com atuação de gênio. Além de dar o passe para três gols, fechou a conta deixando o seu também. Campeão turco três vezes, faltava a taça da Copa do currículo do meia que, não a toa, ganhou até estátua dos fanáticos torcedores do Fener.

#3: 8 de junho de 2003, Flamengo 1-1 Cruzeiro, Copa do Brasil

Era o jogo de ida da final da Copa do Brasil. O Maracanã estava lotado, com aquela atmosfera pró-Flamengo. O Cruzeiro já havia ganho o Campeonato Mineiro e começava a mostrar que ninguém o alcançaria no Brasileirão. Mas a Copa tinha outro regulamento, outro formato. Com um inesquecível gol de letra, Alex colocou a Raposa na frente. O Flamengo empataria, mas o resultado com gol qualificado deu a tranquilidade que o Cruzeiro precisava para conquistar o segundo dos três títulos daquele ano (3-1 no Mineirão), com inúmeras atuações de gala de Alex.

#2: 26 de maio de 1999, Palmeiras 3-0 River Plate-ARG, Copa Libertadores

O Palmeiras estava embaladíssimo. O time de Roque Júnior, Oséas, Paulo Nunes e Marcos, entre outros, havia despachado o Corinthians na fase anterior. Em Buenos Aires, o River fez 1-0. No jogo de volta era preciso vencer sem levar gols. O jogo no Parque Antartica começou tenso, mas Alex, com um golaço de fora da área, tratou de acalmar as coisas para o Palestra. Roque Júnior faria o segundo e o River se lançaria ao ataque. Um gol eliminaria o Palmeiras. Mas Alex, de novo, tratou de por os pingos nos is, fechando o placar. O Palmeiras avançaria até a final, na qual seria campeão sobre o Deportivo Cali, da Colômbia.

#1: 26 de janeiro de 2013, Coritiba 1-1 Colón-ARG, Amistoso

Um jogador que tem estátua na Turquia, campeão da América pelo Palmeiras, do Brasil pelo Cruzeiro, com inúmeros golaços com as camisas verde, azul e amarela – também da Seleção – teria como jogo principal na carreira um amistoso de pré-temporada, no qual nem gol fez? A resposta é sim. Com todo esse currículo e procurado pelos dois clubes nos quais mais brilhou no Brasil, Alex optou por voltar ao clube do coração. Não se tratava de dinheiro, de jogar ou não a Libertadores. Alex queria jogar no Coritiba. Recusou, educadamente, todas as propostas e voltou ao Coxa. O jogo com o Colón teve alguns lampejos do velho Alex e por pouco não acabou em derrota. Não importava; para toda uma geração, o que realmente importava era ver Alex de volta no Coxa. Algo que tem mais peso que dinheiro ou mais valor que muitas conquistas: um ídolo que optou pelo seu clube por um desejo sincero. Alex confirmou ser o que é naquele 26 de janeiro.

Os 7 pecados e a decadência do Coritiba

Alex sofre, Coritiba agoniza: sete pecados que podem custar muito caro

Como pode um clube que deu bons exemplos de organização e esteve a pique de alçar vôos mais altos, com duas finais de Copa do Brasil, despencar tanto em uma temporada a ponto de ainda ser a 3a equipe que mais rodadas liderou esse Brasileirão, atrás apenas de Cruzeiro e Botafogo, e amargar uma possibilidade real de rebaixamento?

Perto da Zona de Rebaixamento faltando três rodadas para o fim, o Coxa revive os pesadelos de 2005 e 2009, quando caiu sem entender bem como, quando e por quê houve a decadência. Assim sendo, enquanto ainda é tempo (ainda é?), o blog propõe um ensaio sobre os sete pecados na temporada do Coritiba até aqui. Se só a fé pode salvar, ainda há tempo de se arrepender.

1 – Gula

Tetracampeão paranaense, duas vezes consecutivas finalista da Copa do Brasil, líder do Brasileiro 2013 durante toda a Copa das Confederações e com a perspectiva de disputar a Copa Sulamericana para tentar um título internacional. O Coritiba quis abraçar o Mundo, mas não tinha elenco para isso. Trouxe o ídolo Alex de volta, mas não conseguiu segurar peças chave como Rafinha, Emerson e Everton Ribeiro, como já acontecera com Leandro Donizete. Atropelou no Estadual e se viu em meio ao Brasileiro com mais de 10 jogadores importantes no departamento médico, como Leandro Almeida, Júnior Urso e Deivid. Faltou planejamento e dinheiro para tanta fome.

2 – Avareza

Depois da questionável decisão de demitir Marquinhos Santos e o diretor de futebol Felipe Ximenes, o Coxa deixou o segundo cargo vago e não quis gastar além da conta com técnicos mais experientes como Caio Júnior ou Celso Roth. Apostou em Péricles Chamusca, demitido neste domingo, e que chegou revelando que faria uma também aposta em sua permanência para 2014, pensando em um bom contrato só se salvar o time. Com Chamusca, 7 derrotas e um empate em 11 jogos. Ainda que o próprio seja o menos culpado, já tem sua parcela de colaboração na crise. O técnico chegou a dizer que deixaria o time pronto em três semanas – não conseguiu -, mas tempo é artigo de luxo. As renovações com os jogadores citados acima poderiam entrar na conta, mas vale lembrar que os próprios atletas muitas vezes têm o desejo de respirar novos ares.

3 – Inveja

“A culpa é do Atlético”, disparou o presidente Vilson Ribeiro de Andrade ao analisar a pressão que o time, ainda na 8a posição, sofria da própria torcida que via o rival entre os 4 melhores do campeonato e na final da Copa do Brasil. A declaração do dirigente deu o tom da preocupação coritibana com o vizinho – que no começo da temporada viveu situação inversa. A cada resultado cruzado, o Coxa se via mais longe do topo e convivia com a flauta dos rivais, ao invés de se preocupar mais em estancar a sangria.

4 – Cobiça

Depois da ascensão de 2009 pra cá, com reforma no Couto Pereira, aquisição de terreno para um novo CT e a revitalização da imagem do clube, não foram poucos os interessados em assumir o Coritiba. O cargo ocupado por Vilson Ribeiro de Andrade passou a ser cobiçado por vários grupos, que se movimentaram para tentar aproveitar o momento do clube, cada qual à sua maneira. Como consequência, Ribeiro perdeu aliados importantes, como Ernesto Pedroso, e teve que buscar refúgio até na torcida organizada, afastada do dia a dia do clube desde os episódios em Coritiba x Fluminense. Não só isso: a pressão interna para demitir Felipe Ximenes, que pensava o futebol alviverde, foi enorme.

5 – Luxuria

A vida particular de cada jogador não diz respeito à imprensa (à ninguém, na verdade). Mas as críticas da torcida em cima de alguns nomes do elenco, que supostamente estariam dando mais prioridade à badalada noite curitibana, só acirraram mais os ânimos dentro do clube. A ponto do atacante Bill, um dos mais cobrados – e fotografados – pelo comportamento extra-campo, discutir com torcedores logo após uma substituição. Mais tarde, pediu desculpas pelo destempero.

6 – Vaidade

Teria a liderança precoce do Coritiba enebriado o elenco alviverde? Comparações com o ano de 1985, quando foi campeão brasileiro, e a (natural) empolgação da torcida podem ter superestimado a capacidade do time. Que, em alguns momentos, dava motivos para acreditar, com as boas atuações de Alex. Ainda era cedo. A liderança escapou, o G4 escapou e a empolgação se tornou preocupação.

7 – Ira

Muro do Couto Pereira pichado com ameaças após a derrota para o Flamengo

Como em 2009, já circulam pela internet ameaças de invasão de campo e agressão a jogadores, em caso de nova queda. Em todos os anos em que um clube campeão brasileiro caiu, houve episódio de enfrentamento entre torcedores e jogadores ou dirigentes. Em nenhum deles a pressão colaborou, apesar da cena se repetir ano após ano.

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O atalho mais fácil para a Libertadores mudou

Começou nesta terça (30) a Copa Sulamericana 2013, daqui por diante, “o atalho mais fácil para a Libertadores”. Pelo menos é essa a expectativa de nove clubes brasileiros, com a mudança no regulamento que integrou os times da Libertadores à Copa do Brasil, tornando o antigo atalho mais espinhoso. Clubes da Série A, como Coritiba, Ponte Preta, Bahia e Vitória foram surpreendidos por Nacional do Amazonas (eliminou os dois primeiros), Luverdense-MT e Salgueiro-PE, equipes que estão nas Séries D e C do Brasileirão. Como prêmio de consolação, entraram na Sulamericana 2013 – bônus que atingiu até mesmo o Sport, hoje na Série B nacional.

Depois que a bola rolar nesta terça para Liga de Loja, do Equador, e Deportivo Lara, da Venezuela, a teoria poderá se tornar prática. Apesar da imensa maioria dos nomes da Sula assustarem menos os participantes do que equipes como o campeão da Libertadores Atlético-MG, do Mundial, Corinthians e o líder do Brasileirão, Cruzeiro, entre outros, não só de coadjuvantes é feita a competição dois da Conmebol. Na tabela abaixo, você pode ver os cruzamentos possívels até a decisão.

Equipes como o River Plate da Argentina (há também o River uruguaio nessa competição), os também argentinos Vélez e Lanús, a Universidade Católica do Chile, o Atlético Nacional da Colômbia, o Cerro Porteño do Paraguai e o Peñarol, do Uruguai, são tão postulantes ao título quanto os brasileiros. Outros ilustres desconhecidos, como o impagável El Tanque Sisley do Uruguai, o Deportivo Pasto da Colômbia ou o Inti Gás, da empresa peruana fornecedora de gás combustível, deixam a Sulamericana com a cara de uma grande competição entre bairros.

É grande a chance de um brasileiro estar na decisão, mas dependerá de Ponte ou Criciúma (quem avançar no duelo interno) fazer a primeira final nacional no torneio, que já teve dois brasileiros campeões: Inter, em 2008, e São Paulo, o atual detentor do título – que por isso entra diretamente nas oitavas de final. O Tricolor Paulista poderá encarar Bahia ou Portuguesa nas quartas. Baianos e paulistas têm na mesma chave o Atlético Nacional da Colômbia, campeão da Libertadores em 1989 e foi 12o no último campeonato colombiano – o Clausura 2013 acabou de começar.

O surpreendente clássico pernambucano na Sula pode definir um semifinalista contra outro brasileiro. Sport e Náutico se encontram no torneio sulamericano depois de o Timbu comemorar muito a vaga internacional no jogo do Brasileiro 2012 que definiu o rebaixamento rubro-negro. Quis o regulamento que os times se reencontrassem justamente na volta do Náutico à uma competição da Conmebol depois de 45 anos. Quem avançar, tem como mais tradicional possível adversário na chave o Barcelona de Guayaquil. Para que as quartas tenham duelos brasileiros, Coritiba ou Vitória devem superar equipes de menor expressão, naquela que pode ser considerada a chave mais fácil dos brasileiros na disputa. Coxa e Leão já se enfrentaram na Sulamericana. Em 2009, uma vitória por 2-0 pra cada lado, em casa, e o Vitória avançou nos pênaltis. Se o Coxa passar e encontrar o Barça equatoriano, reedita um confronto da Libertadores 86, quando foi 7o colocado.

Do outro lado, Ponte Preta ou Criciúma tem vida indigesta até uma eventual final. Quem passar, pode pegar o Colo-Colo nas quartas. O time chileno, campeão da Libertadores em 1991, foi 10o no Torneio “Transición”, que fez com que o calendário chileno se adequasse ao europeu. A nova competição começou no dia 27/07 – e o Colo-Colo perdeu na estreia, 0-4 para o Audax Italiano. Depois o caldo pode engrossar ainda mais, com possibilidades de confrontos com o também chileno Cobreloa, o tradicional uruguaio Peñarol ou o argentino Vélez Sarsfield.

Copa Sulamericana e Copa do Brasil, já há algum tempo, são tratadas apenas como um atalho para a Libertadores, o que é um equívoco. Vale sempre lembrar que vale taça continental e também duas vagas: uma para a Recopa Sulamericana, contra o Atlético-MG em 2014, e uma disputa intercontinental, a Copa Suruga, que opõe o vencedor da Sula ao da Liga Japonesa. E taça no museu é o que interessa, afinal.

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Libertadores para todos: quem está na fila?

Galo campeão da Libertadores: quem quiser que pegue a senha

A piadinha recorrente entre os rivais era de que o Governo acertou em cheio ao lançar o programa “Libertadores para todos”, uma gozação com a longa espera de Corinthians e Atlético Mineiro em conquistar o título que os rivais já tinham. Campeão, o Galo já pensa no Mundial e desafia os interessados a tentarem no ano que vem. Dos 16 maiores clubes do Brasil, 10 já têm a cobiçada glória. Quem, portanto, estraria no “LPT” fictício? 

O Fluminense abre a lista de espera. Vice-campeão em 2008, quando perdeu para a LDU do Equador, o Flu é o atual campeão brasileiro e tem feito boas campanhas nos últimos anos. Namora com a taça – tem seis participações e foi sétimo neste ano – mas começou mal o Brasileirão 2013 e terá de suar para chegar à Libertadores por essa via. Por outro lado, está na Copa do Brasil – outrora o caminho mais curto.

Outro vice-campeão continental que está na fila é o Atlético Paranaense. Depois de perder a final de 2005 para o São Paulo, não repetiu as boas atuações e até amargou uma Série B em 2011. Teve três participações no torneio continental – a última, no mesmo 2005 – e neste ano está mal no Brasileirão. O Furacão, a exemplo do Flu, também tem a Copa do Brasil como atalho para a glória.

Terceiro colocado no distante ano de 1963, o Botafogo é mais um dos grandes na lista de espera. Disputou a Libertadores em três ocasiões, sendo a última em 1996. Está na briga pelo Brasileirão 2013 e também está na Copa do Brasil.

Quinto colocado em 1989, o Bahia é outro que aguarda sua senha no painel. Participou três vezes da competição, sendo a última exatamente no ano de sua melhor campanha. No Brasileirão, está no meio da tabela, mas terá um atalho diferente para voltar à Libertadores: a Copa Sulamericana. Quem sabe um título continental seguido do outro?

O Coritiba é outro campeão brasileiro à espera da taça continental. Sétimo colocado em 1986, quando disputou a competição como campeão brasileiro, participou também em 2004 e não mais voltou. Briga na parte de cima da tabela no Brasileirão 2013 e pode tentar a volta também via Copa Sulamericana.

A lista dos grandes ainda sem Taça Libertadores se fecha com o Sport. Foi 11o colocado em 2009, quando disputou pela segunda e última vez a competição. Está na Série B nesta temporada, mas, curiosamente, pode disputar a Libertadores 2014: para tanto, precisa ganhar a Copa Sulamericana, competição na qual está por conta dos novos critérios da CBF.

  • Jejum e repeteco

Se quem ainda não ganhou a competição está sedento, a vontade dos que já faturaram em repetir não é menor. Dos 10 clubes brasileiros campeões da Libertadores, o maior jejum é o do Flamengo, campeão pela única vez em 1981. O Grêmio, bicampeão em 1995, já podia ter saído da fila, mas perdeu a decisão de 2007 para o Boca Jrs. Curiosamente, na sequência do jejum, está outro bicampeão que perdeu final recentemente: o Cruzeiro, que levou em 1997 mas perdeu para o Estudiantes em 2009.

Campeão em 1998, o Vasco aumenta a fila dos jejuantes, seguido do Palmeiras, que poderia ter levado o bi entre 1999 e 2000, mas perdeu a segunda final. Um pouco menos impacientes estão os torcedores do São Paulo, tricampeão em 2005. Assim como os do Internacional, que levou o bicampeonato na primeira das quatro finais seguidas com brasileiros em 2010. Depois de um longo jejum – desde a Era Pelé – o Santos também não tem muito do que reclamar, campeão em 2011. O Corinthians, por sua vez, ainda está em lua de mel com a torcida pelo belo ano de 2012. E o do Atlético-MG… esse então, acha tudo isso aqui uma grande festa!

  • Menções honrosas

Dois clubes brasileiros não se encaixam no perfil acima, mas merecem menção pelas ótimas participações em Libertadores. Vice-campeão em 2002, o São Caetano não conseguiu se fixar entre os clubes mais fortes do Brasil, mas fez belas campanhas no início dos anos 2000, incluindo dois vices no Brasileirão e três participações na competição continental. Hoje patina na Série B.

Outro que tem história para contar na Libertadores é o Guarani. O Bugre foi terceiro colocado em 1979 e também jogou por três vezes a Libertadores, sendo a última em 1988. Atualmente disputa a Série C do Brasileirão.

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Fenômeno Alex internacionaliza o Coritiba

Imagine o amigo leitor a seguinte situação: Zico é na verdade Zeki, nome turco que significa “astuto, inteligente”. Revelado no Trabzonspor, Zeki chega ao Fla e faz tudo o que fez com a camisa flamenguista. Depois, retorna ao país de origem, para jogar pelo clube de coração, deixando a mesma legião de fãs que até hoje comemoram o “natal” no dia 2 de março. Imaginou?

Pois em termos relativos é o que acontece com Alex no Coritiba. Loucos por futebol, os torcedores do Fenerbahçe – que disputam o posto de maior torcida da Turquia com o Galatasaray – seguem acompanhando (e consumindo) Alex na volta dele ao Brasil, a ponto do Coritiba planejar um modelo de associação a ser lançado no exterior nos próximos 30 dias, para faturar com a paixão turca.

Alex tem estátua e causou comoção na saída de Istambul. Seis vezes campeão nacional pelo Fener e segundo maior artilheiro do clube, deixou “órfãos” no país. Agora, distantes do ídolo, fazem o possível para ficar mais perto. A LigTV, canal esportivo turco, transmitu quatro dos cinco jogos do Coxa no Brasileiro ao vivo; para se ter uma ideia, no Brasil, o clube teve um jogo exibido em TV aberta e outro em TV fechada como exposição “livre” – todos os jogos passam no sistema PPV. Mas esse não é o único, nem o mais importante, sinal de prestígio do Coritiba na Turquia.

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Alex recebe equipe do "Survivor": prêmio de reality show

A imagem acima mostra Alex recebendo a equipe do programa “Survivor”, da StarTV, em sua casa em Curitiba. O reality show isola sete participantes numa ilha e os coloca nos mais diversos desafios, parecidos com o extinto “No Limite” da TV Globo. Os finalistas tinham como um dos prêmios uma viagem ao Brasil para conhecer pessoalmente Alex.

O fenômeno de mídia turco faz com que o Coritiba ganhe na carona do seu camisa 10. Nas arquibancadas do Estádio Şükrü Saraçoğlu, casa do Fener, já se vêem camisas e faixas com o símbolo do clube brasileiro:

O site oficial do Fenerbahçe há muito já tem tradução para o português, dada a grande procura de coxas, palmeirenses e cruzeirenses pelas notícias de Alex; agora o inverso deve acontecer. O Coritiba ainda não colocou o seu site em turco, mas tem na sua página oficial no Facebook um registro de audiência altíssimo na Turquia, por vezes, maior até que no Brasil, conforme a notícia. E lançará nos próximos trinta dias um plano de sócios voltado ao público turco.

“O sócio turco terá duas modalidades: o Classic, que pagará 9,90 euros/mês, com todos os benefícios de qualquer outro sócio de R$ 9,90, mas com o benefício de ver 4 jogos no ano sem pagar entrada. Se ficar por um ano, recebe ainda um DVD; e o Premium a 19,90 euros. E se permanecer assim por 12 meses ou se pagar a vista recebe os mesmos produtos e mais uma camisa oficial autografada pelo Alex”, explica Paulo Cesar Verardi, diretor de marketing do alviverde, que completa: “Os 100 primeiros vão receber a camisa autografada pelo Alex. E depois estenderemos a outros países.”

Há alguns meses um torcedor turco adquiriu de uma só vez, em visita ao Brasil, 80 camisas do Coritiba. A encomenda continha até o nome do primeiro ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. Cada camisa custa em média 180 reais. O Coxa até pensou em distribuir o material diretamente na Turquia, mas esbarrou no atendimento de seu fornecedor de material esportivo, a Netshoes, que faz a relação com a Nike. Verardi, que tem um largo histórico no Grêmio e também foi do marketing do rival Atlético, admite que nunca viu nada igual com um jogador no exterior. No entanto, é cauteloso ao falar da expansão do clube fora do País. “Mais importante que isso, é o que ele representa no mercado brasileiro. Antes da Turquia está o mercado brasileiro, a torcida do Coritiba, com poderio financeiro.”

Não é o que pensa Alev Aydin, uma fanática torcedora do Fenerbahçe de 34 anos. Alev tem tudo o que se refere a Alex: camisas, cachecóis e até o quarto todo decorado nas cores do clube, com a foto do ídolo. “Ele é uma lenda”, conta, descrevendo seu sentimento como a “de um irmão que mora longe”. Alev ficou tão triste com a saída de Alex do Fenerbahçe que pediu demissão e passou quatro meses em casa, sem falar muito. E já se sente tão coxa-branca como qualquer polaco nascido na Barreirinha. “Estou animada em ser a primeira a participar”, disse, anunciando que irá conhecer Curitiba em setembro. “Pra mim, o Coritiba já é mais forte, pois pode contar com os milhões de torcedores do Fenerbahçe também.”

*Colaborou o leitor Itamar Rocha

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Alex para presidente

Alex, em discurso para a torcida do Coritiba: politizado (Imagem: AI Coritiba)

A entrevista de Alex à Radio 98 de Curitiba repercutiu em todo o Brasil. Durante a semana comemorativa do tetracampeonato estadual, não foram poucos os cronistas nacionais que fizeram questão de elogiar o meia pela conquista – cito aqui os colegas André Kfouri (ESPN BR/Lance) e Mauro Beting (Band) entre eles. Alex não marca só pela qualidade técnica, mas porque é um dos poucos a falar o que pensa. E tenho a impressão que falará ainda mais quando se aposentar.

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Em meio a euforia pelo título estadual, Alex teve que explicar – mesmo estando ausente do jogo –  os 1-4 sofridos em Manaus para o Nacional, pela Copa do Brasil. O atual bi-vice-campeão da Copa ficou em situação delicada para tentar seguir na competição justamente no ano em que um dos maiores ídolos do clube (o próprio) está de volta e um time “milionário” foi montado, com Deivid, Botinelli, a manutenção de Rafinha, e outros menos badalados. “Somos fracos mentalmente”, disse o camisa 10 coxa-branca, dando a entender que faltou concentração no Amazonas. O preço pela empolgação do tetra paranaense pode ser caro.

A própria conquista pode ser ilusória. Alex não pode dizer com todas as letras, até para não diminuir o próprio feito, mas ao dizer que “o futebol paranaense inexiste”, criticando o desempenho nacional das equipes e a pouca força do campeonato, assume que o time fez apenas a obrigação em ser campeão – o que não tira o mérito da conquista – e que preocupa para o Brasileirão que vem aí. Alex ainda disse que “o Londrina teve uma sobrevida” e sequer citou o Paraná, grande algoz no início da carreira. Sinal de que vê – corretamente – o Paranaense como um grande “par ou ímpar”. Ao menos é o vencedor desta disputa.

O meia, ao criticar a falta de acerto para sequer se jogar os grandes clássicos em um estádio maior, vai em choque contra a própria diretoria. Afinal é dela – e, claro, da do rival Atlético – que saem os desacertos. Experiência de quem jogou no futebol europeu, onde o futebol é tão paixão quanto aqui, mas é muito mais rentável. Bons negócios são bons negócios. Talvez aposentado e dirigente, Alex alugaria o Couto Pereira ao rival e faturaria com isso. Talvez Alex veja o futebol como ele é, sem deixar de ser o maior exemplo de coxa-branca devotado, recusando até a Libertadores para ser campeão no clube.

Não poupou nem a própria torcida: como é possível que o Coritiba, com um dos maiores parques associativos do País (cerca de 30 mil sócios) não tenha uma média de público superior a 12 mil pessoas? Outra coisa que Alex não pode falar – ainda – é que certamente o torcedor está enjoado de estaduais longos, fracos e com fórmulas mirabolantes. 

Por isso lanço a campanha “Alex para presidente”. Com a experiência de quem jogou e conhece o negócio como poucos, pode ser a voz que mude o futebol brasileiro daqui pra frente. Ele no Coritiba, Rogério Ceni no São Paulo, Seedorf no Botafogo e alguns poucos mais que se arriscam a sair do lugar-comum nas entrevistas. Será a grande chance de vermos os discursos na prática e, quem sabe, livrar o futebol brasileiro de alguns ransos. Será que deixam?

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“Se errei, foi em não expulsar Bill”, diz árbitro da Copa do BR 2011

Sálvio observa lance: para ele, se houve erro, foi outro (Imagem: VascoNet)

Nove de junho de 2011. O torcedor do Coritiba não esquece a data da vitória com sabor de derrota sobre o Vasco, 3-2. Faltou um golzinho para o Coxa, campeão brasileiro em 1985, comemorar seu segundo título nacional – oportunidade desperdiçada também no ano seguinte, contra o Palmeiras. O gol poderia sair em um pênalti reclamado pela torcida coxa-branca, sofrido por Leonardo no segundo tempo, mas que Sálvio Spinola Fagundes Filho não entendeu assim.

Dois anos depois, recebemos Sávio Spíniola, hoje ex-árbitro e consultor de arbitragem da Conmebol, para a transmissão de Chelsea x Benfica, decisão da Liga Europa. Simpático e bem humorado, Sálvio bateu um papo comigo antes do jogo. E, claro, perguntei sobre o suposto pênalti em Leonardo naquela decisão. Ele foi taxativo: “Se errei aquele dia, foi em não expulsar o Bill.”

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O Santa merece o Brasil

Napoleão de Almeida: Sálvio, a metade verde de Curitiba não gosta muito de você por conta da final da Copa do Brasil 2011, reclama um pênalti em cima do Leonardo. Você lembra do lance?

Sálvio Spinola: Claro. Lembro como se fosse hoje. Eu uso aquele lance nas palestras que eu dou sobre arbitragem. Não foi nada. Aquilo é um lance normal de jogo, disputa de bola (veja o lance aqui, aos 2`04). Futebol é esporte de contato, se fosse fora da área, eu mandaria seguir, como mandei vários outros lances durante o mesmo jogo, e ninguém falaria nada. Se eu errei aquele dia, foi em não expulsar o Bill.

NA: Pra você, então, não foi nada, não é que você não tenha visto o lance?

SS: Eu vi claramente, não foi nada. Vi e revi várias vezes depois. Eu até encontrei o Marcelo [Oliveira, então técnico do Coritiba, hoje no Cruzeiro] no aeroporto um tempo depois, conversamos bastante sobre isso. Não tinha como dar aquele pênalti.

Imagem frisada do lance entre Dedé e Leonardo (reprodução)

NA: Você não acha que, muitas vezes por conta da arbitragem, os times perdem grandes oportunidades? Falo em dinheiro, em se jogar uma Libertadores?

SS: O árbitro não pode entrar pensando nisso. Eu, por exemplo, já apitei sobre pressão muito maior. Dá pra dizer que eu tirei o Equador da Copa do Mundo em 2010. Dei um pênalti aos 45 do segundo tempo para o Uruguai porque foi pênalti. O jogo no Equador, onde a Seleção deles não perdia, estava invicta. O empate bastava. Mas, talvez por excesso de confiança, no minuto final o menino derrubou o Recoba e foi pênalti, apitei sem dúvidas. Se for pensar nisso, eu “tirei” um país de uma Copa, mas fiz o certo. Depois eu quase apanhei, teve repórter que veio me agredir, e você sabe porque?

NA: Por que?

SS: Porque era ele que iria pra Copa. É tudo negócio. Não é que ele fosse completamente patriota ou coisa assim. Pode até ser. Mas ali, mais do que isso, era um país inteiro, rádios, jogadores, tudo isso, que deixaram de ir para a Copa porque eu dei um pênalti. Quer mais pressão que isso? Dei o pênalti porque foi, é mais fácil para eles jogarem na conta da arbitragem do que assumir o erro.

O lance citado por Spinola, entre Bill e Fernando (reprodução)

NA: Você é a favor da profissionalização dos árbitros?

SS: Sem dúvida. Essa é uma briga minha. Tem que profissionalizar.

NA: E quem paga a conta?

SS: O futebol, oras. O futebol tem recursos. Você sabia que na UEFA 8% da arrecadação vai direto para os árbitros? Se você quer qualidade total tem que investir. Os clubes, as federações, elas têm recursos, mas não aplicam. O árbitro, pra errar menos, precisa de dedicação exclusiva. Você falou no suposto prejuízo do Coritiba – e eu ressalto que não errei. Mas e o que o Coritiba faz pela arbitragem? Não só o Coritiba, mas todos os clubes? Nada. O negócio todo é profissional e o árbitro não.

NA: Camisa pesa?

SS: Não vou dizer que não, mas isso não é tão relevante assim. É o que eu disse: tem pressão de todo lado. O exemplo do Equador é perfeito: cumpri a regra, dentro do estádio deles, do país deles. Foi pênalti.

NA: Com tanta pressão, ser árbitro vale a pena?

SS: Vale. Sou muito feliz com o que faço e o que fiz na minha carreira. Tenho orgulho dela, fui um bom árbitro na minha avaliação.

Em tempo: Sálvio Spinola comentou a partida entre Chelsea x Benfica, 2-1 para os ingleses. Nos poucos lances duvidosos do jogo, acertou, confirmando sua opinião antes do replay. Depois, partiu para o Pacaembu observar Corinthians 1-1 Boca Jrs., pela Libertadores, com arbitragem contestada de Carlos Amarilla.

Veja o lance com Bill, citado por Spinola, aos 7`03:

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“Não vale nada”

“Não vale nada”, dizem os detratores do tetracampeonato paranaense do Coritiba – com um fundinho de razão. Só um fundinho. Mas, na verdade, é fácil ver que vale muito.

A cultura do “estadual não vale nada” é válida. Estão sim ultrapassados, por suas fórmulas malucas, estádios esvaziados e risco alto de se colocar um Alex para jogar em um estádio e gramados de segunda no interior – nada contra o interior, que conheço bem – que vive realidade distante do futebol profissional. O Guarani que o diga. Enquanto as crianças passam a torcer pelo Barcelona de Messi, os clubes brasileiros perdem cinco meses nos estaduais. Ok, explicamos o malefício. Mas… não vale nada?

Vale sim. Vale muito.

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Para o Coritiba, por exemplo, é só olhar para 2010, quando a série de quatro conquistas (que o rival Atlético não tem) começou. Era o pior momento da história do clube. Rebaixado, alquebrado, marginalizado. Lá, começou o valor deste tetracampeonato. Em 2010, começou o resgate do Coritiba grande como é. Pergunte a Vilson Andrade, Felipe Ximenes e outros que assumiram a bronca.

Para o torcedor, vale mais ainda. Na segunda, é ele, e não o vizinho de mesa, que vai com a camisa e a faixa de campeão para o trabalho. Se são meses perdidos entre um jogo aqui outro acolá, os clássicos da reta final dos estaduais pagam a dívida. O Brasileirão? Esse é outro papo. Certamente o resultado não é parâmetro. Mas e aí? O sarro do amigo, esse vale muito.

E para Alex? Para o meia que pegou o Coritiba numa fase financeira difícil, saiu sem ser campeão, esse vale mais ainda. Vale, porque clássico e campeonato, ninguém quer perder. Vale porque o objetivo número um do futebol é vencer.

Não vale nada? Fale só por você.

  • Sub-23

Os meninos do Sub-23 do Atlético estão de parabens. Eram, desde o começo, o azarão no páreo. Surpreenderam, chegaram e deram ao experiente e preparado time do Coritiba. Fizeram o seu papel – e garantiram, vai lá, 40% do projeto atleticano no ano. O resto é com o profissional, que vai de Copa do Brasil e Brasileirão como tarefas principais. 

O Sub-23 está de parabéns. O clube, no entanto, precisa dar uma resposta. Um vice estadual por ano é nada para quem se pretende “gigante”.

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Escudero e os porcos

Há poucos dias, recebemos o paranaense Gilson Kleina, técnico do Palmeiras, no Terra. Fora do ar, falávamos sobre a timidez e “frieza” dos curitibanos. Disse-me: “O curitibano não é frio. Só que se for à casa dele, bata na porta antes de entrar. Aí, você vai ser bem recebido”.

Escudero, zagueiro do Coritiba, não bateu à porta após o empate em 2-2 com o Atlético, na final do Paranaense 2013. O argentino, que falhou feio no segundo clássico do estadual, entrou nervoso na decisão. Agrediu sem bola o atacante Crislan, do time B atleticano, que pela política do clube, disputa o campeonato. A arbitragem não viu. Logo depois, perdeu a cabeça novamente e levou amarelo. Escudero queria mesmo era prejudicar o próprio time.

Não satisfeito, comprou uma briga que pode se alastrar pelas arquibancadas, tensas como sempre em Atletibas. De banho tomado, em casa, usou as redes sociais para agredir a instituição Atlético Paranaense:

Ao contrário do que assumiu o Palmeiras, no Paraná, “porco” é ofensa, Coitado do bichinho, criado para alimentar por puro preconceito, pois é um dos mais inteligentes no reino animal. Atleticanos xingam coxas-brancas de porco; coxas, como visto acima, fazem o mesmo.

Está errado, e quem defende também. Quando fica nas arquibancadas, é do jogo, mas não é legal. A intolerância é que motiva a violência. Escudero não representa o Coritiba. Não representa o futebol argentino.

Dirão alguns que é puritanismo barato; não é. Rafinha falou durante toda a semana do clássico, motivou, foi contundente sem ser deseducado. Rafinha é craque, é brincalhão. Provoca e faz bem ao jogo.

Escudero não. 

Quando um jogador assume essa postura, está sendo anti-profissional. Hoje Escudero é do Coritiba; amanhã, pode ser do Atlético. Ou do Palmeiras, o Porco, sem ser pejorativo como o zagueiro afirmou. 

Escudero criou um problema que ele e principalmente o Coritiba não precisavam. Deveria muito mais se preocupar em melhorar sua condição física e técnica. Ao misturar-se aos porcos, baixando o nível, o zagueiro mostrou que não merece a centenária camisa coxa, nem disputar um clássico como o Atletiba.

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