A valorização da Copa do Brasil com a volta das equipes que disputam a Libertadores foi uma ideia interessante da CBF. Porém, um equívoco na montagem do regulamento beneficiou os times que entram apenas na etapa de oitavas de final. Com a suspensão de jogadores prevista para cada terceiro cartão tomado na competição, Corinthians e Grêmio, da Libertadores, e Vasco, beneficiado pela presença obrigatória do São Paulo na Copa Sul-Americana levam vantagem sobre os demais adversários.
Com apenas dois jogos disputados, a única exceção do trio é Kléber. O “Gladiador” é o único dos 12 atletas do trio a estar pendurado. Nos outros cinco times, jogadores decisivos como D’Alessandro (Inter), Everton (Atlético), Walter (Goiás) e Lodeiro (Botafogo) podem desfalcar seus times na reta final, o que já acontecerá com Elias (Flamengo) e Bolívar (Botafogo) no primeiro jogo desta fase.
A solução seria zerar os cartões dos clubes a partir das oitavas, exceção feita aos que entrarem na fase suspensos. Por ora, para os times beneficiados, é aproveitar a oportunidade; para os demais, cuidado dobrado com faltas e reclamações.
Confira a lista dos advertidos:
Corinthians: Nenhum pendurado. Pato, Romarinho e Fábio Santos.
Vasco: Um amarelo para Fagner, Santiago, Filipe Souto e Cris.
Atlético: Pendurados: Jonas, Pedro Botelho, Everton e João Paulo; mais 12 (Zezinho já cumpriu) levaram cartões.
Inter: D’Ale e Fabrício péndurados. Outros 11 (incluindo Damião) com cartão.
Goiás: Walter, Cícero, Hugo e Amaral com dois cartões. Mais 9 com cartão.
Botafogo: Lodeiro, Doria, Edilson, Gabriel pendurados e mais 11, incluindo Jefferson; Marcelo Mattos já cumpriu uma e Bolívar está suspenso contra o Fla.
Flamengo: Elias está suspenso, Renato estaria pendurado e mais 9 levaram cartão.
A piadinha recorrente entre os rivais era de que o Governo acertou em cheio ao lançar o programa “Libertadores para todos”, uma gozação com a longa espera de Corinthians e Atlético Mineiro em conquistar o título que os rivais já tinham. Campeão, o Galo já pensa no Mundial e desafia os interessados a tentarem no ano que vem. Dos 16 maiores clubes do Brasil, 10 já têm a cobiçada glória. Quem, portanto, estraria no “LPT” fictício?
O Fluminense abre a lista de espera. Vice-campeão em 2008, quando perdeu para a LDU do Equador, o Flu é o atual campeão brasileiro e tem feito boas campanhas nos últimos anos. Namora com a taça – tem seis participações e foi sétimo neste ano – mas começou mal o Brasileirão 2013 e terá de suar para chegar à Libertadores por essa via. Por outro lado, está na Copa do Brasil – outrora o caminho mais curto.
Outro vice-campeão continental que está na fila é o Atlético Paranaense. Depois de perder a final de 2005 para o São Paulo, não repetiu as boas atuações e até amargou uma Série B em 2011. Teve três participações no torneio continental – a última, no mesmo 2005 – e neste ano está mal no Brasileirão. O Furacão, a exemplo do Flu, também tem a Copa do Brasil como atalho para a glória.
Terceiro colocado no distante ano de 1963, o Botafogo é mais um dos grandes na lista de espera. Disputou a Libertadores em três ocasiões, sendo a última em 1996. Está na briga pelo Brasileirão 2013 e também está na Copa do Brasil.
Quinto colocado em 1989, o Bahia é outro que aguarda sua senha no painel. Participou três vezes da competição, sendo a última exatamente no ano de sua melhor campanha. No Brasileirão, está no meio da tabela, mas terá um atalho diferente para voltar à Libertadores: a Copa Sulamericana. Quem sabe um título continental seguido do outro?
O Coritiba é outro campeão brasileiro à espera da taça continental. Sétimo colocado em 1986, quando disputou a competição como campeão brasileiro, participou também em 2004 e não mais voltou. Briga na parte de cima da tabela no Brasileirão 2013 e pode tentar a volta também via Copa Sulamericana.
A lista dos grandes ainda sem Taça Libertadores se fecha com o Sport. Foi 11o colocado em 2009, quando disputou pela segunda e última vez a competição. Está na Série B nesta temporada, mas, curiosamente, pode disputar a Libertadores 2014: para tanto, precisa ganhar a Copa Sulamericana, competição na qual está por conta dos novos critérios da CBF.
Jejum e repeteco
Se quem ainda não ganhou a competição está sedento, a vontade dos que já faturaram em repetir não é menor. Dos 10 clubes brasileiros campeões da Libertadores, o maior jejum é o do Flamengo, campeão pela única vez em 1981. O Grêmio, bicampeão em 1995, já podia ter saído da fila, mas perdeu a decisão de 2007 para o Boca Jrs. Curiosamente, na sequência do jejum, está outro bicampeão que perdeu final recentemente: o Cruzeiro, que levou em 1997 mas perdeu para o Estudiantes em 2009.
Campeão em 1998, o Vasco aumenta a fila dos jejuantes, seguido do Palmeiras, que poderia ter levado o bi entre 1999 e 2000, mas perdeu a segunda final. Um pouco menos impacientes estão os torcedores do São Paulo, tricampeão em 2005. Assim como os do Internacional, que levou o bicampeonato na primeira das quatro finais seguidas com brasileiros em 2010. Depois de um longo jejum – desde a Era Pelé – o Santos também não tem muito do que reclamar, campeão em 2011. O Corinthians, por sua vez, ainda está em lua de mel com a torcida pelo belo ano de 2012. E o do Atlético-MG… esse então, acha tudo isso aqui uma grande festa!
Menções honrosas
Dois clubes brasileiros não se encaixam no perfil acima, mas merecem menção pelas ótimas participações em Libertadores. Vice-campeão em 2002, o São Caetano não conseguiu se fixar entre os clubes mais fortes do Brasil, mas fez belas campanhas no início dos anos 2000, incluindo dois vices no Brasileirão e três participações na competição continental. Hoje patina na Série B.
Outro que tem história para contar na Libertadores é o Guarani. O Bugre foi terceiro colocado em 1979 e também jogou por três vezes a Libertadores, sendo a última em 1988. Atualmente disputa a Série C do Brasileirão.
Revolta de um lado, comemoração de outro. Desde essa quinta estão à disposição do torcedor pernambucano os ingressos para o grande clássico de domingo. Não, não se trata de nenhum jogo entre as três principais forças locais, Sport, Santa Cruz e Náutico – o “dono” da Arena. É sim o clássico Vovô, Botafogo e Fluminense, marcado para São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife. Será o primeiro grande clássico da Arena… Pernambuco. Alegria para os torcedores dos times do Rio na região, revolta daqueles que apoiam o futebol local.
O jogo entre Botafogo e Fluminense fez com que a partida do único clube pernambucano com contrato com a Arena fosse antecipado. Náutico e Ponte Preta duelam no sábado, um dia antes do jogo entre os cariocas. Os torcedores locais se rebelaram, não importando a camisa. O Santa Cruz jogará também no domingo, no Arruda, contra o Cuiabá, pela Série C do Brasileiro. Um movimento intitulado Movimento Popular Coral, da torcida do Santa, lançou um desafio: colocar mais gente no Arruda que na Arena.Em entrevista ao jornalista Leonardo Mendes Jr. um dos líderes do MPC, Lucas de Souza, disse que os rivais se uniram na ideia de descredibilizar o duelo carioca: “Deslocaram o jogo do Náutico para sábado para dar vaga a esse Botafogo x Fluminense só com intenção financeira e de fazer os nossos torcedores torcerem por times de fora. Os pernambucanos sempre foram resistentes a times de outros estados e agora a revolta foi grande e rápida. A própria administração da Arena ficou surpresa pela reação. Conseguiram provocar uma rejeição das três torcidas. Vamos por mais público no Arruda para desmoralizar esse clássico carioca.”
A administração da Arena sentiu o golpe, mas justificou a ação. Ainda sem contratos com Sport e Santa – que não pretendem sair de suas casas – a ideia é buscar toda a renda possível com o novo estádio. Segundo informações do jornalista Cássio Zirpoli, “na parceria público-privada, o governo do estado terá que suprir o rombo no faturamento anual caso a receita da temporada seja abaixo de 50% da previsão inicial, de R$ 73,2 milhões, segundo aditivo assinado em 21 dezembro de 2010.” Os valores do aluguel para o jogo com mando do Botafogo ainda não foram divulgados, mas os ingressos custam entre R$ 30 e R$ 60, sendo que o sócio do Botafogo pode pagar 50% do valor. Nos jogos do Náutico, que está trocando os Aflitos pela Arena, o desconto ao associado é de 30%.
Em um estudo recente divulgado pela Pluri Consultoria, o Estado de Pernambuco ficou em 5o lugar entre os mais resistentes a “invasão” de torcedores de outras praças. Cerca de 60% da população prefere os times locais, índice maior que de praças tão fortes quanto, como Bahia e Paraná, e atrás apenas de quatro estados, pela ordem: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Habitualmente vista em jogos de times do sudeste na região, a faixa “Vergonha do Nordeste” expõe um pouco a rivalidade inter-estadual entre os torcedores locais e os que vem de fora. Nada que incomode o pessoal de torcidas como a “ReciFogo” e “ReciFlu”, que devem contar com reforço de simpatizantes dos mesmos clubes nas cidades da região.
A imprensa local entrou na briga. Na capa do SuperEsportes, portal de notícias da região, o fórum de discussão provoca: “Quem for à Arena domingo é Pernambubaca?” No blog de Zirpoli, uma enquete aponta rejeição de 70% das três torcidas a ideia de receber jogos “forasteiros”. Dos 30% favoráveis, 9% são torcedores do Náutico, em tese, os maiores interessados. Os tricolores, com ou sem reforço dos torcedores de Sport e Náutico, pretendem por três vezes mais torcedores no Arruda que o número presente na Arena. E a discussão deve continuar: em Pernambuco já se comenta que Flamengo x Grêmio, na 16a rodada em 25/08, deve ser jogado na Arena. Sem poder usar o Maracanã e nem o Engenhão, o Flamengo mandará o jogo desta mesma rodada, contra o Coritiba, em Brasília – onde os times locais praticamente não têm vez.
Seedorf pode ser traduzido, livremente, como semeador. E ninguém no futebol brasileiro mereceu mais um título nos últimos anos que o meia holandês (nascido no Suriname, essa região sul-americana que ignoramos por completo) do Botafogo, campeão carioca por antecipação. Seedorf significa uma nova era no futebol brasileiro. Basta que os colegas dele assim queiram.
Meu primeiro contato (impessoal) com o galático alvinegro foi em Botafogo x Grêmio, ainda no Brasileirão 2012. Não sei quem, mas alguém fez um lançamento daqueles dos mais quadrados para o meia, em sua estreia. Daqueles que parecem a mais pura sacanagem, só para testarem o físico do colega – quem já jogou, sabe. Seedorf foi. Correu até o limite. Aos 36 anos (já tem 37), chegou na bola como muitos meninos do Brasileirão que se aproxima não chegarão. Ao olhar pra grande área, ninguém o acompanhou. Seedorf foi numa bola que outros desistiriam. Os colegas assim o fizeram.
Ele então prendeu a bola, esperou a aproximação do ataque. O lance deu em nada. O jogo terminaria 0-1 para o Grêmio e o Botafogo seguria seu turno de altos e baixos. Seedorf não. Passou a dar as cartas, opinando e criticando comportamentos, calendário, atitudes. Virou celebridade. Recolocou o Botafogo na mídia.
Em 2013, Seedorf passou a liderar o time. Chega ao primeiro título no Brasil, já na reta final da carreira, com muito a ensinar. É atuante sem ser agressivo, é exemplo em campo num mundo que exige badalação. Vestiu a camisa do Botafogo como muitos não faziam há anos.
Seedorf planta um exemplo. Uma semente, como o próprio nome sugere, do que pode e deve ser o futebol brasileiro, dos atletas para o publico, dos clubes para a mídia: ético, correto, campeão.