O atalho mais fácil para a Libertadores mudou

Começou nesta terça (30) a Copa Sulamericana 2013, daqui por diante, “o atalho mais fácil para a Libertadores”. Pelo menos é essa a expectativa de nove clubes brasileiros, com a mudança no regulamento que integrou os times da Libertadores à Copa do Brasil, tornando o antigo atalho mais espinhoso. Clubes da Série A, como Coritiba, Ponte Preta, Bahia e Vitória foram surpreendidos por Nacional do Amazonas (eliminou os dois primeiros), Luverdense-MT e Salgueiro-PE, equipes que estão nas Séries D e C do Brasileirão. Como prêmio de consolação, entraram na Sulamericana 2013 – bônus que atingiu até mesmo o Sport, hoje na Série B nacional.

Depois que a bola rolar nesta terça para Liga de Loja, do Equador, e Deportivo Lara, da Venezuela, a teoria poderá se tornar prática. Apesar da imensa maioria dos nomes da Sula assustarem menos os participantes do que equipes como o campeão da Libertadores Atlético-MG, do Mundial, Corinthians e o líder do Brasileirão, Cruzeiro, entre outros, não só de coadjuvantes é feita a competição dois da Conmebol. Na tabela abaixo, você pode ver os cruzamentos possívels até a decisão.

Equipes como o River Plate da Argentina (há também o River uruguaio nessa competição), os também argentinos Vélez e Lanús, a Universidade Católica do Chile, o Atlético Nacional da Colômbia, o Cerro Porteño do Paraguai e o Peñarol, do Uruguai, são tão postulantes ao título quanto os brasileiros. Outros ilustres desconhecidos, como o impagável El Tanque Sisley do Uruguai, o Deportivo Pasto da Colômbia ou o Inti Gás, da empresa peruana fornecedora de gás combustível, deixam a Sulamericana com a cara de uma grande competição entre bairros.

É grande a chance de um brasileiro estar na decisão, mas dependerá de Ponte ou Criciúma (quem avançar no duelo interno) fazer a primeira final nacional no torneio, que já teve dois brasileiros campeões: Inter, em 2008, e São Paulo, o atual detentor do título – que por isso entra diretamente nas oitavas de final. O Tricolor Paulista poderá encarar Bahia ou Portuguesa nas quartas. Baianos e paulistas têm na mesma chave o Atlético Nacional da Colômbia, campeão da Libertadores em 1989 e foi 12o no último campeonato colombiano – o Clausura 2013 acabou de começar.

O surpreendente clássico pernambucano na Sula pode definir um semifinalista contra outro brasileiro. Sport e Náutico se encontram no torneio sulamericano depois de o Timbu comemorar muito a vaga internacional no jogo do Brasileiro 2012 que definiu o rebaixamento rubro-negro. Quis o regulamento que os times se reencontrassem justamente na volta do Náutico à uma competição da Conmebol depois de 45 anos. Quem avançar, tem como mais tradicional possível adversário na chave o Barcelona de Guayaquil. Para que as quartas tenham duelos brasileiros, Coritiba ou Vitória devem superar equipes de menor expressão, naquela que pode ser considerada a chave mais fácil dos brasileiros na disputa. Coxa e Leão já se enfrentaram na Sulamericana. Em 2009, uma vitória por 2-0 pra cada lado, em casa, e o Vitória avançou nos pênaltis. Se o Coxa passar e encontrar o Barça equatoriano, reedita um confronto da Libertadores 86, quando foi 7o colocado.

Do outro lado, Ponte Preta ou Criciúma tem vida indigesta até uma eventual final. Quem passar, pode pegar o Colo-Colo nas quartas. O time chileno, campeão da Libertadores em 1991, foi 10o no Torneio “Transición”, que fez com que o calendário chileno se adequasse ao europeu. A nova competição começou no dia 27/07 – e o Colo-Colo perdeu na estreia, 0-4 para o Audax Italiano. Depois o caldo pode engrossar ainda mais, com possibilidades de confrontos com o também chileno Cobreloa, o tradicional uruguaio Peñarol ou o argentino Vélez Sarsfield.

Copa Sulamericana e Copa do Brasil, já há algum tempo, são tratadas apenas como um atalho para a Libertadores, o que é um equívoco. Vale sempre lembrar que vale taça continental e também duas vagas: uma para a Recopa Sulamericana, contra o Atlético-MG em 2014, e uma disputa intercontinental, a Copa Suruga, que opõe o vencedor da Sula ao da Liga Japonesa. E taça no museu é o que interessa, afinal.

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Libertadores para todos: quem está na fila?

Galo campeão da Libertadores: quem quiser que pegue a senha

A piadinha recorrente entre os rivais era de que o Governo acertou em cheio ao lançar o programa “Libertadores para todos”, uma gozação com a longa espera de Corinthians e Atlético Mineiro em conquistar o título que os rivais já tinham. Campeão, o Galo já pensa no Mundial e desafia os interessados a tentarem no ano que vem. Dos 16 maiores clubes do Brasil, 10 já têm a cobiçada glória. Quem, portanto, estraria no “LPT” fictício? 

O Fluminense abre a lista de espera. Vice-campeão em 2008, quando perdeu para a LDU do Equador, o Flu é o atual campeão brasileiro e tem feito boas campanhas nos últimos anos. Namora com a taça – tem seis participações e foi sétimo neste ano – mas começou mal o Brasileirão 2013 e terá de suar para chegar à Libertadores por essa via. Por outro lado, está na Copa do Brasil – outrora o caminho mais curto.

Outro vice-campeão continental que está na fila é o Atlético Paranaense. Depois de perder a final de 2005 para o São Paulo, não repetiu as boas atuações e até amargou uma Série B em 2011. Teve três participações no torneio continental – a última, no mesmo 2005 – e neste ano está mal no Brasileirão. O Furacão, a exemplo do Flu, também tem a Copa do Brasil como atalho para a glória.

Terceiro colocado no distante ano de 1963, o Botafogo é mais um dos grandes na lista de espera. Disputou a Libertadores em três ocasiões, sendo a última em 1996. Está na briga pelo Brasileirão 2013 e também está na Copa do Brasil.

Quinto colocado em 1989, o Bahia é outro que aguarda sua senha no painel. Participou três vezes da competição, sendo a última exatamente no ano de sua melhor campanha. No Brasileirão, está no meio da tabela, mas terá um atalho diferente para voltar à Libertadores: a Copa Sulamericana. Quem sabe um título continental seguido do outro?

O Coritiba é outro campeão brasileiro à espera da taça continental. Sétimo colocado em 1986, quando disputou a competição como campeão brasileiro, participou também em 2004 e não mais voltou. Briga na parte de cima da tabela no Brasileirão 2013 e pode tentar a volta também via Copa Sulamericana.

A lista dos grandes ainda sem Taça Libertadores se fecha com o Sport. Foi 11o colocado em 2009, quando disputou pela segunda e última vez a competição. Está na Série B nesta temporada, mas, curiosamente, pode disputar a Libertadores 2014: para tanto, precisa ganhar a Copa Sulamericana, competição na qual está por conta dos novos critérios da CBF.

  • Jejum e repeteco

Se quem ainda não ganhou a competição está sedento, a vontade dos que já faturaram em repetir não é menor. Dos 10 clubes brasileiros campeões da Libertadores, o maior jejum é o do Flamengo, campeão pela única vez em 1981. O Grêmio, bicampeão em 1995, já podia ter saído da fila, mas perdeu a decisão de 2007 para o Boca Jrs. Curiosamente, na sequência do jejum, está outro bicampeão que perdeu final recentemente: o Cruzeiro, que levou em 1997 mas perdeu para o Estudiantes em 2009.

Campeão em 1998, o Vasco aumenta a fila dos jejuantes, seguido do Palmeiras, que poderia ter levado o bi entre 1999 e 2000, mas perdeu a segunda final. Um pouco menos impacientes estão os torcedores do São Paulo, tricampeão em 2005. Assim como os do Internacional, que levou o bicampeonato na primeira das quatro finais seguidas com brasileiros em 2010. Depois de um longo jejum – desde a Era Pelé – o Santos também não tem muito do que reclamar, campeão em 2011. O Corinthians, por sua vez, ainda está em lua de mel com a torcida pelo belo ano de 2012. E o do Atlético-MG… esse então, acha tudo isso aqui uma grande festa!

  • Menções honrosas

Dois clubes brasileiros não se encaixam no perfil acima, mas merecem menção pelas ótimas participações em Libertadores. Vice-campeão em 2002, o São Caetano não conseguiu se fixar entre os clubes mais fortes do Brasil, mas fez belas campanhas no início dos anos 2000, incluindo dois vices no Brasileirão e três participações na competição continental. Hoje patina na Série B.

Outro que tem história para contar na Libertadores é o Guarani. O Bugre foi terceiro colocado em 1979 e também jogou por três vezes a Libertadores, sendo a última em 1988. Atualmente disputa a Série C do Brasileirão.

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A crise do Bahia ainda não atingiu o ápice

Bahia massacrado pelo Vitória duas vezes consecutivas: rotina?

Inauguração da nova Fonte Nova, momento histórico para a nova casa do Bahia: Vitória 5-1 no clássico. A goleada fez o técnico Jorginho cair do comando tricolor. Chegou Joel Santana, em oito de abril. Pouco mais de um mês, duas vitórias, três empates e duas derrotas depois, Joel é demitido após novo massacre no Ba-Vi: 7-3 Vitória e título encaminhado ao Barradão. Nesta quarta (15/05), mais um vexame: a vitória (1-0) sobre o Luverdense-MT foi insuficiente para evitar a eliminação em casa, após a derrota por 0-2 na ida.

O Bahia está ensaiando a repetição dos seguidos vexames entre 2003 e 2006, quando mergulhou no poço da Série C nacional. O “seu sete”, apelido dado ao rival Vitória em 1972, após uma goleada sofrida para o Ceará (2-7), já havia dado as caras naquele período, na queda para a Série B (0-7 Cruzeiro e 4-7 Santos) e até mesmo no pior momento do clube, na Série C 2006, onde permaneceu com uma goleada nas costas por 2-7 para o Ferroviário-CE. São estatísticas históricas, que podem deixar de ser só coincidência quando o Brasileirão começar.

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“Não dá pra competir, o problema é profundo e é financeiro”, me disse o ex-técnico Jorginho, em visita ao Portal Terra no mês passado. Jorginho se refere ao orçamento do Bahia em comparação a outros grandes do País. Por isso, diz, o clube deveria investir em um time forte fisicamente e rápido. “O time que está lá é ruim, lento e pesado e eu disse isso a eles. Você tem uma ou outra boa peça, como o Fahel, mas no geral, não dá.” Jorginho ainda não havia visto o sucessor Joel levar 7 do Vitória de Caio Júnior, veloz e em (outra) tarde inspirada.

Jorginho negou qualquer problema com o elenco, mas nos corredores do clube, a história não é a mesma. O presidente Marcelo Guimarães Filho tem seus preferidos entre os jogadores e, digamos, é persuasivo para garantir a escalação dos mesmos. É notoria a preferência por Souza e Titi, entre outros. Perguntei isso diretamente a Jorginho, que fugiu do assunto. Em Salvador, comenta-se que Souza chegou a intimar a diretoria com um “ele ou eu” no caso do primeiro dos recentes ex-treinadores. Joel Santana, por sua vez, nem teve tempo de se criar no clube nessa passagem. Nenhum dos dois, diga-se, esteve em campo contra o Vitória na última goleada.

Uma lista com 14 jogadores dispensandos foi divulgada com apenas três jogadores com mais de cinco jogos entre os titulares: os laterais Magal e Pablo e o meia Paulo Rosales. Os demais, eventuais substitutos e até quem nem atuou, como o atacante Erick.

Há ainda quem critique a relação próxima da diretoria com o empresário Carlos Leite, que é parceiro do Bahia desde a retomada de divisões do clube, em 2009. Leite agia no clube por intermédio de Paulo Angioni, que caiu do cargo de diretor de futebol com a última goleada. Até então, inúmeros negócios foram feitos – nem sempre com vantagens ao clube, como explica o colega Dassler Marques. Com a saída de Angioni, é preciso saber como ficará essa relação.

O torcedor por sua vez já percebeu que o destino, como a coisa anda, é negro. Na partida pela Copa do Brasil contra o Luverdense, a torcida organizou um movimento chamado “Publico Zero”, para que ninguém fosse ao estádio. Apenas 1.145 pessoas compraram ingresso, segundo o borderô, sendo que muitos ingressos foram distribuídos gratuitamente. Acostumado a lotar estádios, o Bahia amargou a eliminação e um prejuízo de R$ 42 mil na bilheteria, sem contar a renda perdida por não avançar na competição nacional.

Campanha da torcida do Bahia na internet: ambiente rachado

Com um contrato com a Fonte Nova, mas rachado com a torcida, eliminado da Copa do Brasil e virtual vice-campeão baiano, além de ser desde já um favoritíssimo à queda para a Série B nacional, a crise do Bahia parece estar apenas engatinhando. Quem conhece o histórico do clube, sabe que é importante agir a tempo de não refazer a viagem ao fundo do poço. 

 

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O naming rights depende da boa vontade de todos

O Palmeiras anunciou oficialmente o acerto com a Allianz, empresa de seguros que vai alugar o nome do novo estádio do clube paulista pelos próximos 20 anos (leia mais aqui). Os valores estimados chegam perto dos R$ 300 milhões pelo período, dos quais somente 2)% irão para os cofres palmeirenses – mas esse é outro papo.

Foi o terceiro acordo similar no Brasil envolvendo estádios e clubes/administadores. E, para que isso seja levado a sério como negócio, é preciso que todos tenham boa vontade com essa fonte de renda importante aos clubes brasileiros.

Kyocera Arena, do Atlético: pioneira no Brasil

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Em 2005, o Atlético anunciou um acordo com a fábrica de eletrônicos japonesa Kyocera Mita, fundada em Kyoto. Durante três anos, a empresa alugou o nome do estádio do Furacão, o que rendeu US$ 1 milhão por ano ao clube. Um acordo considerado bom para a época, embora os números possam ser vistos como modestos 8 anos depois. O conceito Arena, que passou a ser usado em todo o Brasil, também foi pioneirismo do clube paranaense, em 1999. Hoje quase todos os novos estádios puxam por isso, justamente para comercializar o naming rights.

A Kyocera Arena, no entanto, enfrentou os problemas já previstos para a Allianz e a Itaipava (que dá o nome à nova Fonte Nova, em Salvador) no Brasil: a adesão da mídia e dos torcedores. É difícil que o torcedor passe a chamar o estádio de Allianz alguma coisa (três nomes estão em votação para escolha popular), mas não é impossível que a grande mídia chame o estádio assim, como acontece na Europa. O Terra transmite o Campeonato Alemão, onde já há uma Allianz Arena (casa do Bayern de Munique), uma Veltins Arena (do Schalke 04, com patrocínio de uma empresa cervejeira) e um clube-empresa, o Bayer Leverkusen, da fabricante de medicamentos do mesmo nome.

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Na época da Kyocera Arena, alguns veículos aderiram à proposta, outros não. Para o Atlético, o apoio representou um reforço de caixa que, coincidencia ou não, permitiu uma campanha de destaque com o vice da Libertadores 2005. Para o Palmeiras representa o mesmo, assim como para a gestão do estádio público em Salvador – negócio que vai pagando os custos da obra, bancada pelo Estado.

Sem a adesão ao nome, o que haverá é o afastamento dos patrocinadores desse tipo de projeto. Ninguém quer investir para não ser reconhecido. Equipes de vôlei brasileiras que vêm e vão podem confirmar isso.

Romantismo à parte, os torcedores baianos e palestrinos têm que entender a medida não como algo antipático, mas uma moeda a mais de fortalecimento dos times. E, convenhamos, Parque Antártica, um dos nomes prefeiros da torcida do Palmeiras, já não era referência a uma marca?

Em tempo: até por isso, se me fosse dado o poder de escolha do novo nome do estádio, ficaria com Parque Aliianz, nessa ordem.

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